Pensamentos sobre "Submarino"
Página 1 de 1
Pensamentos sobre "Submarino"
Recentemente assisti "Submarino" para o meu Desafio de 10 Anos. Foi uma recomendação do @Tarin.
Submarino é um filme live action lançado em 2010, dirigido por Richard Ayoade. É filme de "coming-of-age" (amadurecimento) que se passa no País de Gales e se centra no adolescente de 15 anos Oliver Tate e sua relação com sua colega de classe Jordana e com seus país.
Oliver é um garoto excessivamente analítico de seus arredores. Constantemente espionando em seus pais ou colegas de classe em busca de informações que o ajudem a navegar essas relações mais socialmente. É assim que ele "conhece" as pessoas, com dados brutos, sendo aparentemente muito ruim em extrapolar ou entender as pessoas baseando-se em outras nuances de relações humanas.
E o filme nos apresenta constantemente o ponto de vista analítico detalhado de Oliver na forma de um narrador. Esse tipo de coisa me fascina, adoro quando filmes tem narradores tão calculistas assim.
Um dos aspectos mais importantes da criação de estórias é o tal do "show, don't tell" (mostre, não conte), e poucos textos atrás no desafio eu elogiei fortemente o jogo Half-Life 2: Episodio Dois por demonstrar o típico esforço da Valve em respeitar esse princípio em seus jogos. Eu mantenho a opinião de que esse princípio é essencial, mas devo confessar que um bom narrador numa estória as vezes compensa a quebra desse conceito.
É claro que o protagonista como narrador num filme acaba revelando um monte de coisas de graça à audiência, mas isso acaba "liberando espaço" na atenção do expectador para reparar em outros detalhes, analisar o personagem melhor, filosofar sobre a estória e os elementos da trama.
Imagino que seria possível remover totalmente a narração de "Submarino" e ainda assim ver uma trama completamente compreensível, e ainda seria possível compreender a maioria das decisões de Oliver ao longo da mesma. Mas nunca na mesma profundidade, seria bem menos obvio o contraste entre os pensamentos do personagem e a realidade ao redor do mesmo. Seria bem mais difícil simpatizar com o protagonista, que definitivamente é um babaca manipulador e insensível em muitos pontos, mas que se revela acima de tudo apenas um adolescente vulnerável com pais apáticos uma vez que temos acesso a seus pensamentos.
Com o auxilio da narração de Oliver, foi fácil compreende-lo, e a atenção disponibilizada assim também tornou fácil entender seus pais e Jordana. Todos personagens bastante falhos, e pessoas que eu provavelmente não gostaria de ter na vida, mas também todos compreensíveis, possíveis de empatisar.
Gostei bastante do filme. Me surpreendi, a sinopse no IMDB me passou uma vibe bizarra de American Pie, antes de eu assisti-lo, mas passa longe de ser algo assim.
Uma ultima coisa que me chamou atenção, e eu não sei se o filme fez intencionalmente ou não... E que eu não exatamente gostei... E é um spoiler, alias, então vou guardar sob spoiler aqui:
Trailer (em inglês, sem legendas):
Submarino é um filme live action lançado em 2010, dirigido por Richard Ayoade. É filme de "coming-of-age" (amadurecimento) que se passa no País de Gales e se centra no adolescente de 15 anos Oliver Tate e sua relação com sua colega de classe Jordana e com seus país.
Oliver é um garoto excessivamente analítico de seus arredores. Constantemente espionando em seus pais ou colegas de classe em busca de informações que o ajudem a navegar essas relações mais socialmente. É assim que ele "conhece" as pessoas, com dados brutos, sendo aparentemente muito ruim em extrapolar ou entender as pessoas baseando-se em outras nuances de relações humanas.
E o filme nos apresenta constantemente o ponto de vista analítico detalhado de Oliver na forma de um narrador. Esse tipo de coisa me fascina, adoro quando filmes tem narradores tão calculistas assim.
Um dos aspectos mais importantes da criação de estórias é o tal do "show, don't tell" (mostre, não conte), e poucos textos atrás no desafio eu elogiei fortemente o jogo Half-Life 2: Episodio Dois por demonstrar o típico esforço da Valve em respeitar esse princípio em seus jogos. Eu mantenho a opinião de que esse princípio é essencial, mas devo confessar que um bom narrador numa estória as vezes compensa a quebra desse conceito.
É claro que o protagonista como narrador num filme acaba revelando um monte de coisas de graça à audiência, mas isso acaba "liberando espaço" na atenção do expectador para reparar em outros detalhes, analisar o personagem melhor, filosofar sobre a estória e os elementos da trama.
Imagino que seria possível remover totalmente a narração de "Submarino" e ainda assim ver uma trama completamente compreensível, e ainda seria possível compreender a maioria das decisões de Oliver ao longo da mesma. Mas nunca na mesma profundidade, seria bem menos obvio o contraste entre os pensamentos do personagem e a realidade ao redor do mesmo. Seria bem mais difícil simpatizar com o protagonista, que definitivamente é um babaca manipulador e insensível em muitos pontos, mas que se revela acima de tudo apenas um adolescente vulnerável com pais apáticos uma vez que temos acesso a seus pensamentos.
Com o auxilio da narração de Oliver, foi fácil compreende-lo, e a atenção disponibilizada assim também tornou fácil entender seus pais e Jordana. Todos personagens bastante falhos, e pessoas que eu provavelmente não gostaria de ter na vida, mas também todos compreensíveis, possíveis de empatisar.
Gostei bastante do filme. Me surpreendi, a sinopse no IMDB me passou uma vibe bizarra de American Pie, antes de eu assisti-lo, mas passa longe de ser algo assim.
Uma ultima coisa que me chamou atenção, e eu não sei se o filme fez intencionalmente ou não... E que eu não exatamente gostei... E é um spoiler, alias, então vou guardar sob spoiler aqui:
- Spoiler:
- Em suas ultimas ações no filme, Oliver age feito um absoluto filho de puta manipulador e frio para com Jordana e seus pais, prevendo que as condições eram adequadas para que todos o perdoassem após alguns dias ou semanas, e que sua manipulação geraria alguns resultados desejados. E... seu plano inicial falha completamente e ele não faz direito o que planejava, mas no fim seus objetivos são perfeitamente atingidos, sem querer, mas ainda assim recompensando seu comportamento. Não me incomodaria ver um final tão "antiético" no filme, mas apenas se isso foi intencional, e fiquei na duvida... será que o diretor reparou que estava fazendo isso? Talvez seja arrogante da minha parte duvidar disso, na real.
Trailer (em inglês, sem legendas):
Tópicos semelhantes
» Pensamentos sobre "Retalhos"
» Pensamentos sobre "O 13º Guerreiro"
» Pensamentos sobre "Osmosis"
» Pensamentos sobre "V de Vingança"
» Pensamentos sobre "Summer Wars"
» Pensamentos sobre "O 13º Guerreiro"
» Pensamentos sobre "Osmosis"
» Pensamentos sobre "V de Vingança"
» Pensamentos sobre "Summer Wars"
Página 1 de 1
Permissões neste sub-fórum
Não podes responder a tópicos
|
|