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Aranha no Aranha do Aranha do verso

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Aranha no Aranha do Aranha do verso Empty Aranha no Aranha do Aranha do verso

Mensagem por Zé Joelho Ter 22 Jan 2019, 16:52

Homem Arranha Verso de Goleiro Aranha
Homem Aranha no Aranhaverso

Aranha no Aranha do Aranha do verso Content_pic

Acabo de assistir Aranhaverso depois de muito tempo de espera (2018 foi um longuíssimo ano) e muito bafafá dos espectadores e crítica. Um filme compacto, com muita atenção a detalhes e que, mesmo com tantos personagens, consegue nos envolver o suficiente pras 2 horas de filme e é repleto de metalinguagens, referencias cruzadas e trilha sonora muito boa. Vamos falar de partes:

O Estilo

Um filme de animação (de "desenho") sobre histórias em quadrinhos não é nenhuma novidade - a DC comics tem um certo histórico tanto de quantidade quanto qualidade, mesmo que não se esforce tanto nesse último quesito para ultrapassar a outra gigante Marvel - porém a estilização quadrinesca da animação e de sua linguagem (inserindo até balões de pensamento e momentos onde exagera o lado "comic" para realçar algo) nunca foi tão acertado e... de certa forma óbvio.
A indústria cinematográfica de HollyMadeira investiu e muito em filmes de heróis de quadrinhos nos últimos 15 anos. Entre fracassos e a febre de sucessos que viraram os filmes do Universo Marvel sempre foi uma questão "como fazer"; uma questão de estilo e de tom. Como não deixar ridículo um universo que é feito de exageros, simbolismos e experimentações dos quadrinhos para um universo onde as animações são vistas como feitas para crianças (num sentido hierárquico mesmo; uma produção mais lúdica e que seria pouco desafiadora - séria) e os atores e grandes produções com cenários reais mexiam com a cabeça de todos? Isso foi um problema até a Marvel conseguir acertar o tom entre a comédia (que também é vista, por vezes, como algo menos sério e por isso "menor"), a ação e o drama (que se faz necessário em certa medida para causar empatia). Mas não foi só isso.

Com os avanços em filmes de animações, tanto 2D como 3D, que mostrava - e continua mostrando - cada vez mais o potencial criativo e diversificado, somado a troca de gerações por uma que foi criada em meio a mudanças na sua realidade cada vez mais rápidas - com uma produção já crescente de animações diversas (já com experimentações diversas) - a cultura popular abraçou cada vez mais o "nerd". Essa cultura "geek, nerd e gamer" é uma outra camada ou roupagem de nossas organizações sociais, por ser diferente eram ridicularizados, mas também eram e são frutos dos meios e tempo que vivem: tem diversos problemas sociais que por vezes se assemelhavam (ou eram bem piores) do que as opressões que enfrentavam. Há uma característica interessante nesse grupo que é a aceitação (em alguns níveis) de exploração e debates de temas e estéticas; universos e um incentivo a cultura alternativa (o que é interessante pois o "padrão" é ser "diferente" agora.)

O filme traz consigo um estilo que busca se assemelhar ao máximo aos quadrinhos tanto em tom quanto em suas ambições variadas: é um filme sobre fim da realidade, porém é também como lidar com responsabilidade, carreira, identidade, relações e direito dos animais (o porco aranha dos Simpsons nunca foi tão ativista). Esses tons vários que encontramos em boas histórias em quadrinhos, a liberdade de mudar a realidade diversas vezes, em um filme de "múltiplas realidades" (ou multiverso), junto a linguagem cinematográfica de ritmo, expectativa e seus simbolismos, faz do filme uma obra bem localizada no tempo - é bem um auge de cultura, debates e temas de diversas camadas, tribos e linguagens desse mar do século XXI.
Tudo isso poderia ter sido jogado fora (e por vezes é em diversos outros filmes de animação ou não) sem um cuidado real tanto com texto quanto com a arte do filme: os universos paralelos são interessantes! Os personagens, as equivalências ou até mesmo falta delas, funcionam tão bem no filme que não parece apenas jogado: é vivo. Mudam-se marcas, alguns fatos, cores, mas também muda-se toda uma ação, estilizações (mesmo que rápidas) e ver como elas interagem é de um nível de cuidado e detalhe. Isso é vital para temas de multi universos colidindo: tem de ser reais, se não se tornam apenas ideias, ensaios sem objetivo. Dá vontade de ver mais filmes do gênero e até dos universos apresentados, além dos diversos possíveis; tanto para ver as diversas formas que uma mesma ideia pode ter, como as diversas ideias que uma forma pode ter.
VAMOS FALAR DO MILES LOGO POR FAVOR

Miles Morales
Aranha no Aranha do Aranha do verso Rodrigo-campos-miles-morales

Eu li pouca coisa de quadrinhos de heróis na minha vida. Porcurei ler arcos fechados que fizessem sentido, coletâneas e minisséries. Eu li bastante Xmen e Homem Aranha de edições aleatórias porque eu não tinha noção alguma, o jornaleiro também não e era o que chegava para ler. Sempre gostei muito do Aranha em suas diversas versões, mas nunca tive acesso a tantas - mesmo que isso não fosse exatamente um problema pois não só ele, mas todos os quadrinhos tinham versões e versões e universos em tempos paralelos que, quando começaram a misturar tudo, nem foi surpresa.
Enfim, eu cheguei a ler o Miles quando saiu aqui no Brasil e eu tinha gostado dele... E tanto no filme quanto nos quadrinhos é um personagem tão incrível quanto os Peters que já tinha encontrado.
A Força maior de um Peter Parker é seu histórico de construção de carisma: ele é engraçado, por vezes é todo zoado (não tem dinheiro e tudo acontece com ele) e a vida amorosa é um caos. A gente se identifica. O que deixa ainda mais impressionante o Miles Morales em pouco tempo ser tão relevante e interessante quando o antigo Aranha por ser atual, ser representativo pra uma geração e ainda trazer esse respeito e troca com o personagem antigo. Eu sou um homem branco e não posso dizer sobre questões de cor do personagem, posso apenas dizer que o seu lado adolescente num mundo de caos e cheio de referências também consegue me representar e me inspirar de alguma forma.

O personagem é tão bom e lida com a imagética do Aranha tão bem (até a roupa é muito boa cara) que não é difícil entender porque ele é o protagonista perfeito para o filme que referencia seus elementos de Aranha e quadrinhos o tempo todo. Ele tem personalidade, é uma pessoa falha a sua maneira, tem sua família bem construida (mesmo no filme) e não ignora suas características e como é seu meio. Ele não é um Peter Parker negro, um personagem que força uma representatividade, ele tem sua profundidade e ambições, medos e jeitos. Ele é o Miles Morales.

Teia
Aranha no Aranha do Aranha do verso PCC_MilesMorales-Reg_Sm_1024x1024

A mistura de música de rap e sua conversa com o meio - o Brooklyn; o estilo misturado entre o épico de héroi, com o adolescente que curte música de sua geração e a mistura disso tudo com a estilização do filme também combinam num nível impressionante. Eu fiquei nos créditos que, por mais viajados que fossem, conversam bem com o que acabamos de assistir e os tons do filme e das músicas. Sejam elas incidentais ou trilhas cantadas, tudo no filme conversa. O filme consegue trabalhar tanto o universo expandido e expansivo das HQ's quanto a imersão da linguagem cinematográfica, para todas as idades e sem medo do que quer falar e como quer falar. É uma experiência artística em uma linguagem e tempo que, mesmo que uma pessoa não entenda nada sobre arte, está experienciando exatamente a troca que o artista, o objeto artístico e o público tem.

Espero ver mais filmes como esse; não necessariamente do Aranha (por mais que o Morales tenha me conquistado de vez), mas com essa vontade de experimentar, de conversar com seu público sem subestimar suas capacidades e entendendo sua linguagem.
Vão ao cinema. Eu sei que anda bem caro, ainda mais em férias, mas vale a pena. Levem seus pais, seus familiares e amigos. Ou vão sozinhos.
Todos temos poderes, todos somos aranha de nosso jeito.

Um grande abraço no seu joelho,
Zé Joelho
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Aranha no Aranha do Aranha do verso Empty Re: Aranha no Aranha do Aranha do verso

Mensagem por Thear Dom 03 Fev 2019, 07:31

Devido à recepção tão positiva dos críticos e do publico, eu acabei indo ao cinema com as expectativas altas.

Eu geralmente evito isso. Vou com as expectativas baixas, aí não me decepciono. Funciona bem pra mim, pois não gosto da grande maioria dos filmes.

Mas nesse caso não teve problema. Fui com expectativas altas e o filme arrebentou minhas expectativas. Foi bem melhor que eu esperava.
Quando foi revelada a Dra. Octopus eu senti vontade de aplaudir o imenso respeito que os criadores do filme tiveram com os quadrinhos.

E em tudo. Enquanto outros filmes de herói são "adaptações" que alteram um monte de coisas para fazer os quadrinhos funcionarem como filmes, Aranhaverso é "adaptação" apenas no sentido de que cinema não é a mídia original desses personagens e cenários, porque fora isso é exatamente o mesmo conteúdo. Eu nunca tinha visto HQs serem transformadas em outra mídia de maneira tão perfeita antes.

Para mim, após o Aranhaverso o MCU esta obsoleto. Perdi metade do interesse que tinha em outros filmes de herói. Simplesmente quero mais disso. Se não uma sequência desse filme, pelo menos um filme de outro herói seguindo um estilo similar a esse.

Eu sempre digo que animação tem grandes vantagens inerentes contra o live action, e esse filme é uma grande evidência em favor dessa ideia, ao meu ver.
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