Breves Impressões: Hotline Miami 2: Wrong Number

Hora de dar uma opinião sobre Hotline Miami 2: Wrong Number. Eu deveria ter jogado 3 horas desse jogo num período de 7 dias em setembro, para o meu Desafio de 10 Anos. Acabei só jogando em outubro, e estou lançando meu texto a respeito agora só.

Link para o jogo na steam.



Hotline Miami 2: Wrong Number é um jogo "top down shoot'em up", com gráficos em pixel art, atmosfera anos 80, e muito violento. Muito violento. Mas é pixelado, então não chega a ser perturbador para a maioria das pessoas, acredito.

Foi desenvolvido pelo estúdio sueco Dennaton Games, produzido pela gloriosa Devolver Digital, e é uma sequência do grande sucesso de 2012 "Hotline Miami".

Enquanto o primeiro jogo focava claramente num protagonista específico recebendo mensagens com instruções para realizar massacres contra a mafia russa, o segundo jogo tem uma estória bem anacronística e é difícil acompanhar. Nas 3 horas que joguei, não consegui entender quase nada do que estava acontecendo na estória... Creio que teria conseguido, se me esforçasse, mas a trama não parecia valer tanto assim da minha atenção. Acabei em grande parte ignorando a estória e focando em só completar as missões. Já acho um ponto fraco que o jogo tenha me feito ignorar um aspecto do mesmo no qual claramente algum esforço foi feito.

Acompanhando a estória "all over the place", o jogo conta com vários protagonistas, cada um com mecânicas e armas específicas, e aparecendo em fases específicas. Isso também foi bem frustrante... Na pratica eu só gostava de jogar com 2 ou 3 dos personagens, e ser forçado a jogar com os outros acabava sendo decepcionante, já que parecia que o jogo estava tentando remover mecânicas que eu gostava para aumentar a dificuldade.

E já que estamos reclamando, vamos completar: tiros de fora da tela. O jogo permite que você segure shift para mover a câmera um pouco alem da posição do seu personagem, e assim planejar rapidamente seus próximos movimentos. É super-útil, e você vai usar o tempo todo se jogar. Geralmente da pra confiar se um inimigo pode te ver baseado em se você pode ver ele com o shift. Geralmente. Em alguns momentos alguém que você não consegue ver atira e te mata... Ou pelo menos é o que parece acontecer. Talvez seja engano meu, mas se for, não é só meu... Achei vários resultados na internet de outras pessoas relatando o mesmo problema. Não cheguei a uma conclusão se de fato acontece de o jogador ser morto por um inimigo distante demais para ser visto, mas existem pessoas o bastante reclamando pra ficar claro que "algo" aconteceu de errado no game design.

No design de um jogo, não é o bastante criar uma regra que, em termos absolutos, é justa para o jogador. O jogador também tem que sentir claramente que o jogo é justo. Se a distancia o campo de visão dos inimigos é exatamente o mesmo do jogador, e ainda assim as pessoas estão reclamando de ser mortas por inimigos fora do campo de visão, provavelmente é porque o jogador não tem condições de observar tudo o tempo todo com o shift, e portanto um campo de visão capaz de enxergar exatamente a mesma distancia para o jogador e para a AI não realmente é justo. Não dá sensação de justiça. Os inimigos deviam ter um campo de visão um pouquinho maior, para gerar uma área de tolerância que compense as limitações do jogador humano. Repetir 10 vezes uma fase de 2 minutos, para então ser morto por alguém que aparenta que não poderia te ver é super frustrante.

E estou comentando que o jogo comete esses erros de forçar o uso de personagens chatos e de inimigos com super-visão não pra dizer que o jogo é difícil demais... Porque é justamente o contrário. Hotline Miami 2 não precisa de recursos assim para ser difícil, tal como seu antecessor não precisava. O jogo é muito difícil, mas compensa perfeitamente sua grande dificuldade com uma punição levíssima por falhar. Não é Darksouls, no qual a maior parte da paciência do jogador é gasta lidando com o fato de que retornar ao chefão que o derrotou pode levar vários minutos, e o chefão vai estar com sua imensa barra de vida novamente cheia. Em Hotline Miami, o jogador recomeça quase que instantaneamente no começo da fase que acabou de falhar, e recuperar o progresso perdido é questão de alguns segundos ou pouquíssimos minutos. Já que as fases por si só são curtas, a punição pela derrota é sempre leve, o que permite ao jogo se dar ao luxo de derrotar o jogador DEZENAS de vezes, dependendo da fase, sem frustra-lo demais.

Fora isso, o gameplay em si é muito divertido, o cenário é sempre detalhado apesar dos gráficos pixelados tão simples, e a trilha sonora é boa. Apesar de tudo o que eu disse nos parágrafos anteriores, Hotline Miami 2 é um ótimo jogo, mesmo que menos polido que o primeiro da franquia.

O jogo conta também com um editor de fases, que não cheguei a testar nas minhas 3 horas.

Eu completei o Hotline Miami original, anos atrás, e agora que escrevi esse texto, estou livre para continuar alem do tempo determinado pelo desafio e completar o jogo, e é provavelmente o que vou fazer.

Com cerca de 10 horas de conteúdo segundo minhas pesquisas, os mods e fases criadas pela fanbase, e uma ótima qualidade de gameplay, "Hotline Miami 2: Wrong Number" com certeza vale os 25 reais que cobram por ele na steam. Talvez não valha apenas para as pessoas mais sensíveis a violência ou a dificuldade em jogos.

Trailer do jogo