Pensamentos sobre "V de Vingança"

Nesse texto do meu Desafio de 10 Anos, vou falar sobre o filme V de Vingança.




V de Vingança é um longa metragem em live action de ação e drama, de 2005. Foi dirigido por James McTeigue e inspirado na  graphic novel de mesmo nome, por sua vez escrita por Alan Moore. É sobre um futuro distopico totalitário no Reino Unido, onde um revolucionário mascarado conhecido apenas como "V" luta para derrubar o governo, tudo visto sob a perspectiva de uma jovem chamada Evey.

Eu vi esse filme várias vezes na vida, mas a ultima faz mais de 8 anos. Eu sempre gostei muito dele, mas por alguma razão nos últimos anos passei a imaginar que "quando eu rever, provavelmente será uma certa decepção". Não foi, o filme ainda é muito bom. Nenhuma obra prima, mas muito bom mesmo assim.

Alem do bom ritmo, atuações e personagens cativantes e das cenas icônicas, o que destaca o filme e me surpreendeu foi o quão atual ele é. "Wait, isso não deveria ser obvio?" você pergunta, visto que se trata de um filme sobre luta contra um regime fascista. E você estaria um tanto certo... é claro que um filme com essa sinopse teria paralelos com questões politicas atuais, mas... as conexões são bem mais intensas do que o esperado, e seria fácil pausar o filme meia duzia de vezes em seu decorrer para conversas sobre elementos do mesmo que se relacionam a noticias do mundo real do ultimo ano.

Sério. A trama mostra governos usando pandemias e vírus como justificativa para se tornar mais autoritários e eventualmente totalitários; mostra ataques simbólicos contra monumentos históricos que não mais representam o povo; extrema xenofobia e racismo; propaganda e fake news; a fragilidade de pessoas não heteronormativas ante estados autoritários após um período de liberalização; e mais.

O filme trás muita "comida para pensamento". Conta também com algumas boas cenas de ação e estetica bonita, que viria a inspirar a identidade visual dos movimentos "Anonymous" anos depois de seu lançamento.

Inclusive, acho interessante notar que V é tratado pelo filme praticamente como uma personalização de uma revolução, fazendo quase tudo sozinho e até mesmo agindo de maneira muito questionável em certo momento, como revoluções frequentemente fazem. É quase como se a trama do longa fosse uma metáfora que acrescenta um personagem específico para se referir a uma revolução como um todo. Fico curioso sobre como seria uma releitura dessa estória que eliminasse o personagem, e dividisse suas ações entre as massas diversas e complexas que geralmente compoe revoluções no mundo real.

Isso me deixou ainda mais curioso para ler a Graphic Novel. Talvez devia te-la lido antes de ver o filme. Ouvi dizer que o filme não é uma adaptação tão fiel assim, mudando a caracterização ou retratação de "V" de modo a deixa-lo muito próximo de um herói (apesar de que como indiquei antes, ele sai MUITO dessa definição em certo momento do filme, agindo de maneira absolutamente sádica). A HQ talvez aborde melhor a bizarra glorificação que V faz de Guy Fawkes, que de forma alguma condiz com a natureza ou significância real do sujeito. Alias, vocês sabiam que a palavra "guy" do inglês é derivada justamente de Guy Fawkes?

Anyway, o filme é muito bom, assistam. Enquanto isso, vou adicionar a Graphic Novel à minha lista.


Trailer: