Pensamentos sobre "Retalhos"

Continuando meu Desafio de 10 Anos, vou escrever um pouco hoje sobre a graphic novel "Retalhos".  





Retalhos ("Blankets", no original) é uma graphic novel de 2003, escrita e desenhada por Craig Thompson e publicada pela Top Shelf Productions. É uma daquelas graphic novels autobiográficas, retratando a infância e adolescências do autor; com foco nos sofrimentos de sua infância, sua relação com seu irmão e com o cristianismo e também seu primeiro amor. É uma daquelas autobiografias que da a impressão que o autor escreveu mais por querer reavaliar o próprio passado do que por querer que outros conhecessem sua historia.

Já vou adiantando que não considero que existam spoilers quando se trata de biografias, então vou falar de qualquer parte que julgar útil falar.

Nos últimos anos eu tenho escrito com alguma regularidade aqui nesse fórum, e tem sido cada vez mais fácil. Antes eu tinha uma grande ansiedade em escrever cada texto, me torturando em tentar inventar o que falar, o que me levava a frequentes atrasos. Agora, eu já tenho mais facilidade em arranjar algo pra falar, e quando não arranjo, escrevo mesmo assim. Talvez então a qualidade do que escrevo nem tenha aumentado muito com essa experiência ganha, mas pelo menos estou cumprindo meus objetivos... Mas "Retalhos" é uma das recentes exceções a essa evolução. Eu enrolei escrever esse texto por quase uma semana, o que é bastante para meu eu atual.

Não é a primeira vez que minha falta de habilidade de falar extensamente sobre algo que gostei me chama atenção, mas dessa vez foi mais intenso. Eu gostei bastante de Retalhos, mas fiquei perdido em relação a expressar essa positividade nesse texto de alguma forma... Por fim me restava fazer o que sempre faço quando me encontro incapaz de resenhar: escrever sobre mim mesmo.

Mas eu mal sei o que fazer mesmo quanto a isso. Eu ia tentar escrever um textão sobre como historias reais dificilmente me surpreendem, sobre como empatia funciona para mim e se encaixa em minha visão dos problemas do mundo, sobre como eu geralmente reagiria à historia de vida retratada em "Retalhos", e como a obra conseguiu causar alguma impressão em mim ao acrescentar o diferencial da arte bonita e criativa, e como isso é evidência de que cada deveria ter sua própria pratica de arte para expressão própria para criarmos um mundo onde as experiências de cada um são mais facilmente reconhecidas e valorizadas em meio aos quase 8 bilhões de nós que existem...

Eu ia escrever um monte sobre isso tudo, e gastei os últimos dias tentando organizar essas ideias na cabeça, mas não acho que consiga chegar a um resultado que me agrade sem adiar o texto em mais alguns dias e acabar atrasando outros projetos meus... Então esse meu texto sobre "Retalhos" acaba se tornando mais um sacrifício no meu grande altar de "não sou bom o bastante para isso ainda". Vou tentar trabalhar em destruir esse altar ano que vem, se possível.

Anyway. Essa é a terceira biografia em graphic novel que leio. Anteriormente eu li "Persépolis" (que também gostei muito) e a versão cartunizada de "O Diario de Anne Frank" (que tem uma arte sensacional), acho que vou investir do meu tempo lendo esse formato no futuro.. Já tenho "Maus" aqui pronto para leitura também.

Talvez revisite esse texto no futuro, quando me sentir mais preparado para falar do que tinha em mente direito.