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Mensagem por Thear Ter 11 Ago 2020, 06:36

Continuando como sempre meu Desafio de 10 Anos, vou falar um pouco agora sobre minhas impressões da série "Si No Thagués Conegut" . Eu deveria te-la visto na segunda metade de julho, então estou um pouco atrasado.

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Si No Thagués Conegut ("Se eu não tivesse te conhecido" em catalão) é uma série em live action de drama, romance e ficção cientifica, lançada em 2018 e produzida na Catalunha. A série é sobre um homem chamado Eduard que perde sua esposa e filhos num acidente trágico, em seguida ele encontra uma mulher misteriosa que o oferece a oportunidade de viajar para outros universos, onde sua vida e a de seus entes queridos seguiu de forma diferente.

Isso tudo é do primeiro episódio, não acho que seja spoiler. Vou evitar quaisquer spoilers do que vem depois.

A série inicialmente me chamou atenção com os diálogos intensos, emotivos e convincentes, me prendeu bastante.

Mas o enredo geral tem sérios problemas que logo começam a corroer essa qualidade. A começar pelo comportamento do protagonista, Eduard, que é estupido alem de qualquer limite.

Claro, é justo que alguém que tenha acabado de perder sua esposa e filhos de uma vez só se comporte de maneira menos que racional por nos dias ou semanas a seguir, mas a série abusa disso para criar infindáveis sequências de conflitos e eventos que são consequências diretas das decisões incrivelmente imbecis que o protagonista toma ao viajar por universos: ele é extremamente incompetente em disfarçar o fato de estar deslocado no tempo, age de maneira inconsequente e destrói casualmente as vidas de muitas pessoas em realidades alternativas sem se importar muito, e até mesmo repetidamente causa desespero em seus parentes e amigos no universo original ao ficar ausente sem explicações durante suas viagens para outras realidades. Ele parece se importar muito pouco com tudo isso no geral, e tanto a misteriosa Dra. Everest como a série como um todo parecem tratar esse comportamento como legitimo.

Sem falar que em meio a todos esses comportamentos estúpidos, Eduard constantemente gera diálogos que me causaram extrema vergonha alheia, ao jogar cascatas de mentiras bobas e meias-verdades inadequadas nas pessoas confusas ao seu redor, e agir como se fosse inacreditável que ninguém entendesse ou acreditasse no que ele falava. O dialogo intenso e convincente que a série provou ser capaz de fazer no primeiro episódio (e foi capaz de retomar pontualmente em episódios posteriores) foi majoritariamente deixado de lado em troca de conversas simplesmente frustrantes de assistir.

E sua esposa Elisa, que frequentemente encontramos em flashbacks ou realidades alternativas que Eduard visita, não resolve a situação ao ser quase a definição de uma Mary Sue. Não posso detalhar porque a chamo dessa forma sem dar spoilers... Mas ela me parece ser retratada como sendo "especial" quase ao ponto de ser super-humana.

Alem disso, o plot twist do final do penúltimo episódio era bastante obvio desde o começo. Isso é um problema? Não sei, talvez. Pode ser injusto contestar esse ponto, mas achei valido pontua-lo.


Aqui vai meu disclaimer tipico após uma enxurrada de críticas: A série não é tão ruim quanto eu fiz parecer aqui. Ela apenas podia ter sido muito melhor sem tanto esforço, e geralmente meus textos cheios de negatividade são dedicados à obras que desperdiçam potencial a toa, mesmo.

"Se eu não tivesse te conhecido" consegue passar por vários assuntos em seus pequenos arcos, e poderia ter feito maravilhas se tivesse gastado menos tempo com o protagonista agindo de maneira absurda e mais tempo mergulhando nesses temas.

Tinha espaço nessa série para muita discussão sobre "culpa de sobrevivente" e "Síndrome de Estresse Pós-Traumático", mas tudo isso só foi usado para justificar os comportamentos aleatórios do protagonista. Teve uma certa discussão ao longo da narrativa sobre "Ciência e/vs Arte", mas acabei com a impressão que ambos os campos foram tratados de maneira muito superficial, quase infantil, meras ferramentas para mover a trama. Teve até uma parte com uma quantidade surpreendente de tempo-de-tela dedicado à eventos políticos importantes e uma certa dose de nacionalismo catalão, e fiquei positivamente surpreso. Mas nada disso recebeu uma atenção especial do roteiro, foi tudo tratado como justificativas para decisões absurdas ou como (pior ainda) cenário.

Talvez entremos aqui num ponto que eu frequentemente comento em meus textos: faltaram episódios. Provavelmente teria sido possível realizar essa versão alternativa super completa da série com apenas os 10 episódios já existentes se diminuíssem o comportamento impulsivo de Eduard, mas quem sabe seria muito difícil... Mais alguns episódios teriam ajudado muito.

Na ultima década, ou década e meia, se estabeleceu a tendência de que séries devem ter temporadas muito menores que os 20 + episódios que outrora foram tradicionais. Entendo que isso faça sentido quando se decide diminuir o aspecto episódico e focar na narrativa maior de uma temporada, mas ainda existe espaço para temporadas um pouco maiores e um pouco de... "episodismo". Nem toda série precisa ser um filme de 8 ou 10 horas, algumas ainda podem ser tratadas como séries sem perder o foco em sua narrativa principal.

É isso. Se houvesse uma segunda temporada (e o final deu a impressão que haveria, mas até agora nem sinal), eu com certeza assistiria, porque apesar dos pesares eu me apego fácil a personagens passando por traumas emocionais e fico interessado em ve-los dar volta por cima e chegar a um ponto de nova felicidade, ou pelo menos estabilidade.

Um ultimo comentário é sobre o pequeno aviso que apareceu por menos de 5 segundos após o final do ultimo episódio: "universos paralelos aparecem em muitas teorias cientificas, mas nenhuma evidência experimental foi encontrada". Não faço ideia do real motivo dos criadores da série terem incluído esse aviso, mas ele é um bom exemplo do tipo de disclaimer que seria útil em muitos filmes, especialmente aqueles que se passam em momentos históricos passados, para ajudar a combater o habito das pessoas de aprender erroneamente devido ao que viram em um filme. Os filmes "300" poderiam ter tido várias paginas desses avisinhos antes dos créditos, para evitar o pesadelo de desinformação que criaram na cabeça de seus maiores fãs.



Trailer (com legendas em inglês):


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