Pensamentos sobre "Shoujo☆Kageki Revue Starlight"

100 % em dia! Hoje vou falar sobre o anime Shoujo Kageki Revue Starlight, como parte de meu Desafio de 10 Anos.






Shoujo Kageki Revue Starlight é um anime serializado de 2018, adaptado de um musical de teatro lançado em Tóquio em 2017. É sobre Aijou Karen e as demais alunas da Academia Musical Seisho, que se prepara para apresentar a peça teatral "Starlight" antes de sua graduação. No entanto, durante a noite num palco secreto na escola, ocorrem as audições do "Revue Starlight" (Wikipedia para "Revue"), que são orquestradas por uma girafa falante e envolvem as garotas lutando umas com as outras com armas brancas, competindo pelo papel de estrela principal do Revue Starlight.

De cara isso é uma premissa bem criativa e interessante aos meus olhos. Me lembra algo excêntrico e super simbólico como Revolutionary Girl Utena, e acaba sendo assim... mais ou menos.

Eu principalmente coloquei esse anime na minha lista do desafio por que ouvi muitos anitubers que acompanho falando bem dele ao longo de 2018, e decidi dar uma chance a ele. Infelizmente, o anime acabou por ser apenas "ok". Tem real valor, e posso entender porque alguém gostaria muito, mas para mim a coisa toda é claramente curta demais para fazer o que pretende.

Um recurso narrativo super comum em roteiros, especialmente em animes, é usar combate como "dialogo". O exemplo mais obvio disso é Naruto, onde o protagonista muda a visão de mundo de seus oponentes por meio de surras. Lutas como dialogo podem parecer uma ideia estranha a princípio, mas esse método frequentemente é o que possibilita muitas das melhores cenas de luta em ficção.

Revue Starlight usa esse recurso de maneira bastante obvia: ao longo de um episódio, conflitos pessoais ou interpessoais das personagens são apresentados, que então são "resolvidos" simbolicamente em combate mais ao final do episódio, sempre de acordo com o tema das audições do dia de acordo com a Girafa Falante; como "orgulho" ou "ciúmes". Não a toa as musicas cantadas durante o combate são quase sempre duetos, com cada cantora representando um lado do conflito.

Comparado com Utena, os simbolismos e metáforas desse anime são bem mais fáceis de ler, exceto talvez algumas partes mais complicadas dos últimos 2 episódios. Que bom, pois eu lembro que me frustrei bastante batendo a cabeça tentando interpretar Utena durante o Desafio de 60 Animes.

O problema é... lembra que eu falei que o anime é curto demais? Ele tem 12 episódios e gira ao redor de um elenco de 9 personagens. Considerando que 3 delas recebem uma atenção especial da estória, e várias das outras tem apenas 1 episódio para que sejam abordadas suas questões a ser resolvidas nas audições do Revue Starlight, outras dividem seu episódio com outra ou nem sequer chegam a ter seu momento nos holofotes. O resultado é que para a maioria delas o problema é resolvido muito fácil, ou pouco explorado, de modo a tornar a coisa toda pouco convincente... E o fato de que as cenas de combate são relativamente simples em termos de roteiro e coreografia não ajuda.

Um desses casos é particularmente desagradável. Uma das personagens com mais "screen time" tem seu conflito pessoal ligeiramente sugerido durante 3 ou 4 episódios já no começo da série, até que finalmente vem a tona como foco de um episódio inteiro, e aí... É resolvido por um discurso de um parágrafo por parte da protagonista durante o combate entre as duas. E o fato de que o problema pelo qual a personagem estava passando não era somente culpa dela não é sequer abordado. Tudo simplesmente fica ok desse episódio em diante.

Depois disso acontecer com 3 ou 4 personagens, la pelo episódio 7 temos um twist: alguém até então pouco importante na trama na verdade é super importante, central até, talvez o verdadeiro final boss! Fiquei empolgado quando isso se revelou e já comecei a melhorar minha opinião sobre o anime... Vou apenas dizer que essa empolgação não durou. O anime não tinha tempo de abordar direito nenhuma de suas personagens.  

E isso apenas falando das personagens secundárias... Mesmo a protagonista e a deuteragonista claramente são mal exploradas, mostrando personalidades tão complexas e profundas quanto uma um pedaço de papel. Eu diria ate que foram muito menos exploradas que as personagens secundarias, mesmo tendo muito mais tempo de tela. Outra vitima do número limitado de episódios é o próprio amor pelo teatro que o elenco todo teoricamente tem: mesmo nos momentos slice of life da série os pormenores do teatro como profissão e arte não são nunca discutidos, exceto pela ideia de estar nos holofotes e ser admirada. Talvez houvessem grandes entusiastas de teatro na equipe que criou esse anime, mas não vi sinais disso; uma pesquisa de um dia provavelmente teria sido capaz de apresentar "teatro" da maneira como esse anime apresentou.

Não me entendam mal... Sei que passei 4 parágrafos pisando no anime, mas ele não chega a ser ruim. É apenas mediano. Pouco impressionante. Durante o antigo Desafio de 60 Animes eu podia passar o texto todo criticando e no final dar um 6/10 para mostrar que a série não é tão ruim quanto eu fiz parecer, mas já que o Desafio de 10 Anos teoricamente não inclui notas fica mais difícil eu corrigir essa impressão errada no final.

Talvez então eu deva esclarecer que, geralmente, quando eu passo o texto todo criticando pra no final dizer "não é tão ruim assim", é porque a obra tinha bastante potencial, mas falhou em vários pontos de maneira bem obvia aos meus olhos.

Revue Starlight é ok. Tem seu valor. Se o trailer e a premissa te atraem, vá em frente. De certa forma é um anime de idols disfarçado de slice of life com ação, então se você gosta desse tipo de animes tem grandes chances de que vá gostar desse, eu imagino.


Aqui esta um trailer, e abaixo a abertura: