Mundo do (projeto de) livro "Desumanos"
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Mundo do (projeto de) livro "Desumanos"
Olá, sejam bem vindos ao universo de Desumanos! Aqui criarei algumas crônicas quinzenalmente onde vou criar e explorar meu próprio universo. Histórias aqui criadas poderão ser ou não ser canônicas. Peço que avaliem as histórias, me digam se estão bem contadas, se o tipo de escrita é agradável e, principalmente, se preciso mudar alguma coisa.
Aqui será a oficina do meu livro então é importante que eu tenha múltiplas visões sobre o meu próprio universo. Algumas coisas como nome de países, habilidades e coisas relacionadas seriamente a cultura do livro podem ser alteradas, mas deixarei uma nota sempre que o fizer.
Abaixo, um pequeno argumento sobre o meu universo:
Todos os direitos reservados.
Aqui será a oficina do meu livro então é importante que eu tenha múltiplas visões sobre o meu próprio universo. Algumas coisas como nome de países, habilidades e coisas relacionadas seriamente a cultura do livro podem ser alteradas, mas deixarei uma nota sempre que o fizer.
Abaixo, um pequeno argumento sobre o meu universo:
Os desumanos - assim chamados aqueles que tem habilidades especiais - sempre vagaram pela Terra. Os poderes deles seguem uma pirâmide de habilidades: corpórea, magia e natureza. Alguns dos poderes são adaptativos à região, hereditários ou apenas "nascem" na pessoa. No universo, tentarei retratar como poderes podem ser dádivas para alguns, um tormento para outros e que acima de tudo eles continuam humanos.
Nessa oficina quero mostrar diversos pontos de vistas em diversos países e também em tempos diferentes. Será uma construção de mundo para que todos consigam ver. Espero que gostem!
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Tomate- "Lerei"
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Data de inscrição : 15/02/2016
Idade : 26
Localização : São Paulo
A Doutora
Um dos meus maiores capítulos e espero que gostem. Boa leitura!
Mais um ferido chegava a sua sala. Aquele estava sem um braço e gritava de dor, estavam cada vez mais escandalosos e mais feridos. Os homens que traziam o homem estavam vestidos de uniformes azul escuro – uniforme padrão do governo contra a revolta – e gritavam para que conseguisse salvar o companheiro.
– Senhora Katia Verdeen, soubemos que a senhora estava na região. Ele foi ferido por uma bala no braço e isso aconteceu – apontou o braço decepado, como se ela não conseguisse ver a tragédia que estava.
Apontou a maca atrás dela e eles entenderam o sinal. O homem continuava guinchando de dor, estava tomado por uma dor tão forte que não conseguia nem ouvir e ver onde estava.
Pegou um pequeno balde de água embaixo da maca e pegou uma pequena quantia de água com as mãos em formato de concha. Jogou em cima da cabeça do homem e disse algumas palavras, simples palavras que tinha aprendido desde pequena. A água ficou parada na testa, não congelada, mas parada. Os homens atrás dela se olharam entre si; eles deviam estar acostumados com coisas estranhas, mas sabia que sempre olhariam com medo, desconfiança e, só um pouco, de admiração.
– Os senhores podem deixar ele comigo – disse Katia. Sorria tentando passar confiança continuava ali, mesmo sabendo que curar aquele homem seria difícil – Vou cuidar do amigo de vocês. Digam as enfermeiras que o quarto número 8 está ocupado e que permanecerá assim por uns bons minutos.
Eles entenderam, o último fechou a porta entreolhando o espaço. Ela tentou dizer uma “boa sorte” ou algo do tipo, mas sabia que eles precisavam de algo mais do que sorte.
“Que Deus os protejam”, sussurrou.
– Agora vamos para você.
Ele tinha parado de gritar havia alguns minutos. A água parada na sua testa dava sensações de que a dor havia amenizado e causavam sono, talvez estivesse dormindo ou apenas cansado de gritar. Mexeu nas suas estantes e procurou uma folha pequena. Antes aquela folha estava em excesso, em tempos como aquele estava quase em falta e precisaria de mais.
Jogou a folha dentro de seu antigo companheiro: o balde. Misturou bem até que a folha sumisse e a água ficasse um verde claro quase parecendo que não foi alterada. Jogou um pouco de água em cima do braço do homem e saberia que ele gritaria. E gritou.
Ela não podia se distrair com o grito: fez com que a água penetrasse dentro de seu corpo e fechasse a ferida. Conseguia sentir o que a água sentia, cada movimento e cada parte do corpo. Haviam se passado anos que descobrira que conseguia controlar a água, mas toda vez que fazia algo como aquilo a deixava apreensiva e nervosa. O braço dele estava pior do que imaginava. Não gostava de ser invasiva, mas nenhuma outra solução na água traria um resultado imediato como aquele.
A água passava junto ao sangue no corpo do homem, ela via que o coração dele estava inquieto como se estivesse sentindo que outro corpo estava conectado. Os corpos estavam conectados e ela sentia quase tudo que ele sentia; a dor que tinha no braço era apenas um incômodo forte para ela, como se alguém estivesse apertando seu braço. Mas aquilo quase nunca acontecia, geralmente eram incômodos como se parecessem cócegas.
O procedimento foi difícil, durou algumas horas e a deixou mais suada do que queria estar. Toda vez que terminava algo como aquilo estava soando e detestava suor. Sentou-se na cadeira, não lembrava qual a última vez tinha sentado e descansado. Toda aquela muvuca lá fora estava trazendo mais feridos do que boas notícias.
- Espero que eles estejam bem - desejava isso a todos mentalmente, mas tinha sido a primeira vez que falava em voz alta.
Encostou os olhos por um tempo rápido.
Abriram mais pesados e mais rápidos ainda. Uma voz tentava falar algo na maca. Sabia o que ele queria e era o mesmo que todos queriam: água. Abriu a torneira e despejou em um pequeno copo descartável que tinha na sua pequena pia. O homem bebeu o primeiro copo furiosamente, assim como o segundo, o terceiro e cessou no quarto.
– Então é você.
– Quem salvou sua vida? Sim – estava feliz que ele tinha acordado bem e retribuiu com um sorriso – E, sim, também sou a famosa doutora elementalista da Ordem antes que pergunte. Como as coisas estão lá fora? Faz tempo que não utilizou meu celular e todos os dias que alguém chega aqui as histórias são piores.
O homem bufou e olhou para o braço. Aquela foi a resposta mais simples e verdadeira que precisava.
– Toda essa guerra civil por causa de um grupo que foi autorizado pelo governo é idiota, senhora. Me perdoe, eu vim de longe e lá as pessoas eram idiotas, mas não brigavam por causas idiotas. – Encostou na parede que estava no lado da maca – E nem morriam por causas idiotas.
– Não queríamos que chegasse nessa situação.
– Isso é claro. Muitos humanos estão morrendo do lado de lá, outros sendo decepados do lado de cá. Mas quando um desumano independente do lado aparece em campo de batalha, minha jovem, é brutal. – Ele fez uma pausa e um novo suspiro – Eu batalho em guerras há alguns anos. Parece que vocês têm um alvo na testa, nas costas e no peito. Quando um morre, é um troféu. Quando morre contra os rebeldes, alguns membros dessa… Ordem…
– Nós não somos animais, senhor - interrompeu
– Lá fora não existe essa. O senso humano se perde assim que você mata o primeiro e, para alguns, a sensibilidade nunca mais volta.
Se ajustou na cadeira. Percebeu naquele momento como sua sala era pequena e nada aconchegante: apenas a maca, alguns baldes de água, a pia e a janela que dava visão para outra ala do hospital. Foi até a janela e apoiou seus ombros. Nem se lembrava mais como era o vento batendo em seus cabelos loiros. Por um momento, pensou que não se lembrava como era seu rosto e então tocou em seu nariz. Continua grande, pensou. Mas sentia que as bochechas tinham diminuído ainda mais. Precisava se olhar mais no espelho se quisesse ao menos parecer gente. Sorriu com a situação besta que estava passando e que tinha um homem olhando atrás dela.
Não tinha nem reparado no homem, de tão automático que tinha se tornado a sua rotina. Era peludo em seu torso e no seu rosto, talvez estivesse tanto tempo lá fora que não conseguia fazer a barba. Tinha um nariz adunco, pele bronzeada e pelos negros. Parecia um touro. Um touro sem um dos membros não é um touro…
– Como isso aconteceu? - Perguntou olhando para o braço dele – Me informaram que foi um tiro. Mas um tiro fazer um estrago desse…
– Ah, não foi um tiro qualquer, elementalista. – O sorriso dele era frágil e nervoso e a deixou apreensiva – Na verdade, o tiro nem acertou em mim. Passou de raspão. Me levantei para conseguir trocar contra essa pessoa, mas assim que levantei meu braço para mirar, a arma caiu no chão e o meu braço de apoio explodiu. Minha sorte é que sou canhoto… Nunca gostei muito de ser canhoto, tudo é feito para destro… Meu braço direito sumiu.
Sabia quem tinha uma munição daquela e, pior ainda, quem gostava de explodir pessoas. Teve vontade de chorar e maior ainda de matar a pessoa. Tentou se manter controlada e levantou-se da cadeira. Havia ignorado a algum tempo que um novo integrante dos rebeldes tinha um poder de fogo que mudava estratégias. Tentava fugir dos pensamentos que era ele, mas agora tinha certeza. Não podia deixar que mais daquilo acontecesse. Foi em direção a porta e quando colocou a mão na maçaneta, a voz atrás dela atrapalhou sua saída.
– Fiquei sabendo que a senhora era gente boa, senhora Happi. Mas já vi gente melhor se perder no meio do caos. A senhora parece que lembrou de algo lá fora. Espero que continue cuidando de pessoas como eu e não se perca.
Hesitou por alguns segundos. Depois, fechou a porta. O hospital continuava aquela correria que estava acostumada, mas dessa vez não ia para o seu quarto que ficava no próprio hospital. Virou cada vez mais corredores, o hospital era imenso e, talvez, um dos maiores do continente. Algumas pessoas olhavam para ela com desdém, outros nem sabia quem era e muitos - mais do que gostava - olhava para ela com admiração, como se fosse a médica das médicas.
O estacionamento era em um acesso subterrâneo. Seu carro, um sedan estava a sua espera. Destrancou com sua chave, procurou as coisas e relembrou o cheiro do seu próprio carro. Quando o cheiro de cigarro que estava impregnado no carro veio ao seu nariz, a sua boca salivou e procurou o cigarro no porta-luvas, debaixo dos bancos e até mesmo no seu bolso. Não tinha nada. Seu vício tinha sido interrompido pelo seu árduo trabalho nesses dias.
Quantos dias estava lá dentro? Não se lembrava. Os dias eram todos iguais e algumas noites nem dormia. Encostou a cabeça no volante e suspirou alto. Um sorriso nervoso de cansaço saiu do seu rosto. Tentou não fechar os olhos e ligou o carro. Sabia onde tinha que ir e se alguma entidade estivesse com ela, iria para o lugar certo, na hora certa e falaria com a pessoa certa.
Dirigiu por horas. Ou foi o que pareceu. O centro estava quase intacto. Mas depois que saiu da região central e entrou na região suburbana da cidade o que viu foram muitas ruas fechadas, algumas pelos homens do governo enquanto outras estavam fechadas pelos rebeldes. Conseguia ouvir barulho de tiros, eram distantes, mas suficientemente altos para que conseguisse escutar. Parou em um farol e viu dois homens cercando um jovem, os dois estavam armados com bastões. Quando puxou o freio de mão, o jovem deu conta dos dois homens. Foi algo tão rápido que ela não tinha entendido nada. Os dois homens tinham sido capturados pelo pescoço e gritavam algo, que ela não conseguia escutar. Forçando mais a vista, conseguiu notar que o jovem não era ninguém que conhecia da Ordem, muito menos um rebelde. Talvez um sobrevivente desumano que não estava disposta a tomar parte dessa idiotice.
Os dois homens caíram duros no chão. Estacionou e saiu correndo no meio dos carros, teve sorte que não morreu e que seus ouvidos não reclamaram de tanta buzina que ouviu. O garoto ficou olhando para ela com estranheza. O garoto trajava roupas de alguma escola, mas não reconheceu o brasão. Verificou a pulsação dos homens e não estavam mortos. Respirou fundo e sentou na calçada.
– Está com eles, imagino – até a voz ainda era de um garoto, mas com uma frieza que a assustava – Não quero machucá-la, só ir para casa e jogar um pouco antes de dormir.
Negou com a cabeça. O garoto era negro e tinha um sotaque de algum país que não conseguia reconhecer no momento, um nariz grande e um cabelo cheio de tranças até o ombro. A primeira coisa que a surpreendeu aquela noite não foi toda aquela violência, mas sim como o jovem tirou um cigarro do bolso, sentou ao seu lado e a estendeu um cigarro. Não sabia porque tinha aceitado, mas quando se deu conta já estava na metade do cigarro.
– Minha mãe também fica com mãos tremendo quando está sem fumar. Imaginei que a senhora também fosse uma viciada – colocou as duas mãos para trás, se apoiou e ficou olhando a lua, como se tivesse um segredo para ser desvendado – Eu não fumo, detesto o cheiro. O que alguém como você faz nesse bairro?
–Tenho um amigo que está morando por aqui. Ao menos, era o que dizia na carta.
– Carta? Seu amigo sabe que ainda existem e-mails? Estamos em 2020, senhora. Não em 1020. Passe esse recado a ele quando o vir
Ela riu. Ele não era muito chegado a tecnologia pelo que se lembrava. Mas tinha mandado aquela carta a quanto tempo? Seis meses, até um ano. Sua noção de tempo realmente estava bagunçada.
Por Deuses, o que estou fazendo? Indo para um lugar que estava escrito em uma maldita carta. Nem em um e-mail, um pin no GPS ou algo parecido. Numa carta. Joff, seu maldito, eu te odeio.
– Senhora?
– Perdão?
– Eu perguntei a senhora onde que fica a casa desse amigo.
Ela repetiu o endereço. Mesmo ela tendo queimado a carta e jurado que nunca o visitaria, o endereço continuava vivo em sua mente junto com o rosto dele.
O garoto apenas sorriu. Ela sorriu de volta. Os dois se levantaram e com um gesto de cabeça e com a mão direita apontou o caminho. Falava e indicava onde era o caminho e, para sua sorte, não faltava muito. Apenas dois quarteirões.
– Agora, tenho que ir. Se eu não chegar em casa com esse cigarro eu vou apanhar mais do que apanharia para aqueles dois ali. – Seu dedão apontou para trás de suas costas – Boa sorte com seu amigo sem tecnologia.
– Obrigado, garoto. Aliás, qual seu nome? Estou cansada de conhecer pessoas, conversar com elas e sequer perguntar o nome.
– Khalil. Meu nome é Khalil – o sorriso branco do garoto apareceu enquanto já se movimentava na direção contrária no que ela ia.
– Prazer, Khalil. Meu nome é Katia Verdeen, Primeira Curandeira da Or... – Estava falando sozinha. Não se importava. Sabia o nome de alguém e isso a deixava muito feliz. Tinha um sorriso no rosto novamente.
Seguiu a rota que o garoto falou. Passou por um mercadinho de esquina e sentiu vontade de comprar um cigarro e uma daquelas batatas fritas nojentas que vinham dentro de um saco. Mas sabia que já estava ficando tarde e olhares estranhos passavam sobre suas costas. Pensou em comprar uma garrafa de água caso precisasse mas perderia mais tempo.
O prédio que tinha chegado era pequeno, talvez tivesse cinco andares ou menos. Não tinha tempo para contar. Entrou no prédio, avisou ao recepcionista que estava visitando seu primo Joff – mesmo eles nem se parecendo primos sequer eram familiares – e o rapaz acreditou e liberou sua subida. A informou que o elevador estava quebrado e tinha que subir de escadas. As escadas eram gastas, não tinham mais corrimão e riu com o fato de quão mal preparada fisicamente estava. Cansou no terceiro andar e quase sentou-se para descansar.
Mais um andar. Falta só mais um.
Chegando ao quarto andar, tocou o interfone da casa de Joff e ninguém respondeu. Foram mais umas sete tentativas. Quando estava dando as costas para a porta, alguém abriu. E lá estava ele atrás da porta.
Seu tronco esguio estava sem camisa, com a velha tatuagem de uma chama no seu peito esquerdo que escondia uma cicatriz e os cabelos pretos como carvão correndo pelo rosto. Assim que a viu, um sorriso modesto saiu de seu rosto e abriu a porta. Como gratidão, ela sorriu em retribuição.
– A carta chegou depois de tanto tempo?
– Os mensageiros do hospital não são muito eficientes.
Ela entrou e, como já tinha intimidade o suficiente com ele, sentou-se no sofá. A sala não era muito grande e junto com o sofá, tinha uma televisão e uma poltrona rasgada. A sala era germinada com a cozinha e haviam mais duas portas que imaginou que fossem o banheiro e o quarto. Esperou por ele pegar um copo d’água como sempre fazia, mas não o fez. Sentou-se na poltrona, ligou a TV e ficou bons minutos em silêncio.
– Vai continuar calado, Joff?
– Você veio me visitar, não ao contrário, Katia.
Ela sorriu. Ele continuava astuto e mal-educado.
– A sua carta veio meio desmembrada. Não gostei muito do recado que se mudou. Foi uma grande mudança, amigo.
– As pessoas mudam. Assim como aconteceu comigo e aconteceu com você, Katia. Você faz parte de um grupo de assassinos e eu faço parte desse cômodo. Ao menos, eu morro de fome e não mato os outros.
Teve vontade de dar um tapa na sua cara. Mas sabia que não podia irrita-lo, se o Joff de alguns anos ainda continuasse ali não era apenas suas balas que eram explosivas.
– Estou assassinando muitas pessoas, até mesmo as pessoas que você está tentando matar. Pelo visto, continuo fazendo meu trabalho melhor que o seu
Agora tinha passado dos limites e sentiu isso no olhar dele. Uma arma já estava na mão dele antes que ela pudesse imaginar e correr para algum lugar. Ficou estática. O homem que tinha conhecido a alguns anos atrás nunca faria algo desse tipo, mas sabia também que o Joff que conhecia não tomava lado em guerras. Preferia deixar os dois lados se matarem para depois falar como aquilo foi apenas um show de explosões e nada mais. Era explosivo, mas era justo e humano. Aquilo na frente dela parecia mais um psicopata.
– Agora aponta armas para amigos, Joff? – Perguntou enquanto fingia que ia levantar os braços e sorria – Abaixe isso e vamos conversar.
Ele não abaixou. Ela estava mais tensa do que imaginava. Não sabia com quem estava lidando e então, lentamente, se levantou agora com os braços para cima de verdade.
– Tudo bem. Estou indo.
– E onde pensa que vai? Contar para metade da Ordem onde estou? Não.... Minha paixão por você já passou e não sou tão idiota como um adolescente com o pauzinho duro na calça. Agora sentará novamente no sofá.
Ela fez o que pediu, sem hesitar.
– Ah, Katia... eu te pedi para não se juntarem com eles. Quando vocês, que já tem poderes que nós não temos, chegam ao poder de duas maneiras diferentes a única coisa que pode acontecer é que a queda de vocês seja alta e levando mais gente. Mais gente da gente do que gente de vocês. – Falou isso o tempo todo enquanto travava a arma novamente, sabia como era um barulho de uma arma sendo travada – E essa guerra lá fora só é um resultado disso. Na TV todos os dias mostram que desumanos morrem. Mas mostram que mais de nós continuamos a morrer.
– Humanos morrem todos os dias. A guerra não melhora.
– Não, mas abre olhos. Guerra é sempre uma semente de uma árvore desconhecida que pode dar frutos desconhecidos. – Ele tinha um sorriso de felicidade, de maldade e de algo que ela não esperava vindo dele – Agora, vamos a você. Eu tenho duas opções: deixo você contar para todos onde estou e uma pessoa que até então era anônima é descoberta e presa ou eu te mato e nada acontece.
A arma foi destravada novamente e a luz foi apagada.
Pensou que estava morta, mas ainda conseguia sentir a respiração pesada de Joff. Foi uma queda de luz. O coração dela estava na boca, mas foi o suficiente para que pensasse em correr. Tentou lembrar onde estava a porta, mas se lembrou que tinha uma arma apontada para ela. Ouviu o barulho da porta fechando atrás dela. Tinha mais alguém no local.
– Solte a mulher – A voz vinha de trás. Já tinha escutado aquela voz, só não lembrava de onde – E terei misericórdia do senhor
– Então aqui temos o justiceiro do bairro, certo? Ceifador o seu nome? Um nome ousado para uma voz de moleque – Uma gargalhada estrondosa foi escutada – Um puto dum justiceiro de merda tu é defendendo essa mulher. Darei para você tempo para correr e contar para sua mãe que entrou na casa errada.
Joff estava ansioso, não com medo e isso a assustava. E então os disparos de tiros começaram. Clarões da arma saiam atrás dela.
Deitou-se no chão para se proteger e procurar alguma coisa. Nos clarões dos tiros, conseguiu ver uma sombra correndo pela pequena sala. Segurava um pequeno bastão que cabia nas suas duas mãos. Quando a sombra saltou o sofá para ir até onde Joff estava, as explosões começaram.
Lembrava-se quando eram jovens ainda e as balas de Joff faziam sucesso. Tinha aprendido com o pai o talento de fazer balas que quase não causavam danos, aliás, não eram para causar danos. Eram apenas para distrair o alvo e depois uma explosão que causava sérios danos. A produção não era tão difícil mas chegar a perfeição era. Katia Verdeen já tinha curado muito as mãos dele por causa daquelas balas.
Os barulhos de socos secos começaram. O primeiro atingiu o peito de alguém, o segundo a barriga do segundo com um chute no rosto. Aquele que tinha entrado depois no cômodo agora estava no chão limpando o sangue do nariz.
Se rastejou até a cozinha e começou a procurar algo que tivesse água. A luz do corredor agora emanava totalmente na casa. Achou uma torneira e conseguiu encher um copo d’água, era o suficiente para ela. Atacou a água na cara do jovem que estava no chão, ele tentou se defender, mas não foi tão rápido.
– Ah, olha quem entrou na briga, minha amiga Katia! Quer dizer que agora vai curar o marginal invasor de casas? – Quando ele disse isso, fez a orbe de água estancar o sangramento no nariz do jovem embaixo do capuz.
Não conseguia ver quem estava embaixo do capuz negro, mas conseguia sentir pela água que ele usava uma máscara que encobria até seu nariz. Tentava tirar com a mão a pequeno orbe de água, mas só sairia se ela quisesse. Depois que viu que o sangramento foi estancado, a água caiu no chão como se alguém tivesse derrubado um copo d’água.
O garoto avançou contra Joff. As barras de ferro paravam em seus braços. Até que ele conseguiu parar os dois braços do garoto ao mesmo tempo e deu uma cabeçada na cabeça do menino. O garoto deu um grito que até ela sentiu sua dor. Depois, veio um chute no peito que jurava que o garoto teria morrido se ele não tivesse se rastejado por alguns segundos.
Joff foi até o garoto. Colocou seu pé sobre a cabeça dele. O garoto colocou a mão direita na perna dele, como se conseguisse parar aquilo. O garoto morreria.
– Você agora será culpada pela morte de mais alguém. Mas dessa vez, eu não receberei a culpa.
Recarregou a arma. Até que tirou a perna de cima da cabeça, mirou e hesitou. Deu duas cambaleadas para trás.
– Isso não é divertido, doutora. Qual é o seu segredo agora? – Olhou para ela, como se não estivesse menos surpresa
O garoto se levantou do chão, cambaleando mas parecia mais energético do que nunca. Levantou os punhos, cuspiu sangue no chão e fez um sorriso brotar da boca dela. As roupas estavam quase todas rasgadas, mas conseguia ver um brasão que viu antes debaixo da jaqueta de pano preta. A surpresa de Joff que a deixava feliz.
O garoto avançou, Joff recuou e o garoto afundou para pegar os bastões no chão. Joff não conseguia responder tão rápido e quando se virou, as duas barras de metal já estavam indo ao encontro de suas duas orelhas. Os bastões atingiram as duas pernas e Joff caiu. O garoto precisou apenas de dois socos para nocautear.
O barulho de sirene foi escutado lá embaixo. Estava feliz de a polícia ter chego primeiro que os rebeldes. Foi até a janela e conferiu que realmente era apenas uma viatura. Quando olhou para trás, o garoto estava cambaleando até a porta. Correu até ele para tentar colocá-lo no chão e cura-lo. Mas ele negou qualquer tipo de ajuda.
– Meu plano de saúde não cobre a sua consulta, doutora – Era divertido e abusado – Ainda tenho que chegar em casa e dar os cigarros para minha velha. Então, não conte a ninguém que estive aqui.
– Você precisa ver esses ferimentos, Kha... garoto... como fez aquilo? Pareceu que ele tinha perdeu um pouco das forças... foi incrível.
– A senhora pode controlar a água e fazer algo como aquilo é incrível? Temos visões diferentes de incrível, senhora. – Ele estava rindo, conseguia sentir isso pela voz – Agora, deixe-me ir. Fique tranquilo sobre meus ferimentos, eles cicatrizam... algum dia, com certeza... nos vemos por aí, doutora.
Saiu do apoio dos seus braços. Foi mancando até as escadas de incêndio que ficava do lado de fora do prédio. Os vizinhos estavam olhando com certo terror para ela, como se fosse a grande culpada. Olhou para trás e os policiais tinham acabado de subir as escadas. Sorriu para os moradores
– A Ordem pede desculpas pelo transtorno, senhores.
Estava sorrindo. Sentia que estava mais do que na hora de recrutar novos jovens e acabar com aquela guerra. Desceu as escadas contra o fluxo do caos para enfrentar outro caos. A guerra acabaria, ela faria isso.
Katia Verdeen estava sorrindo novamente.
A Doutora
Mais um ferido chegava a sua sala. Aquele estava sem um braço e gritava de dor, estavam cada vez mais escandalosos e mais feridos. Os homens que traziam o homem estavam vestidos de uniformes azul escuro – uniforme padrão do governo contra a revolta – e gritavam para que conseguisse salvar o companheiro.
– Senhora Katia Verdeen, soubemos que a senhora estava na região. Ele foi ferido por uma bala no braço e isso aconteceu – apontou o braço decepado, como se ela não conseguisse ver a tragédia que estava.
Apontou a maca atrás dela e eles entenderam o sinal. O homem continuava guinchando de dor, estava tomado por uma dor tão forte que não conseguia nem ouvir e ver onde estava.
Pegou um pequeno balde de água embaixo da maca e pegou uma pequena quantia de água com as mãos em formato de concha. Jogou em cima da cabeça do homem e disse algumas palavras, simples palavras que tinha aprendido desde pequena. A água ficou parada na testa, não congelada, mas parada. Os homens atrás dela se olharam entre si; eles deviam estar acostumados com coisas estranhas, mas sabia que sempre olhariam com medo, desconfiança e, só um pouco, de admiração.
– Os senhores podem deixar ele comigo – disse Katia. Sorria tentando passar confiança continuava ali, mesmo sabendo que curar aquele homem seria difícil – Vou cuidar do amigo de vocês. Digam as enfermeiras que o quarto número 8 está ocupado e que permanecerá assim por uns bons minutos.
Eles entenderam, o último fechou a porta entreolhando o espaço. Ela tentou dizer uma “boa sorte” ou algo do tipo, mas sabia que eles precisavam de algo mais do que sorte.
“Que Deus os protejam”, sussurrou.
– Agora vamos para você.
Ele tinha parado de gritar havia alguns minutos. A água parada na sua testa dava sensações de que a dor havia amenizado e causavam sono, talvez estivesse dormindo ou apenas cansado de gritar. Mexeu nas suas estantes e procurou uma folha pequena. Antes aquela folha estava em excesso, em tempos como aquele estava quase em falta e precisaria de mais.
Jogou a folha dentro de seu antigo companheiro: o balde. Misturou bem até que a folha sumisse e a água ficasse um verde claro quase parecendo que não foi alterada. Jogou um pouco de água em cima do braço do homem e saberia que ele gritaria. E gritou.
Ela não podia se distrair com o grito: fez com que a água penetrasse dentro de seu corpo e fechasse a ferida. Conseguia sentir o que a água sentia, cada movimento e cada parte do corpo. Haviam se passado anos que descobrira que conseguia controlar a água, mas toda vez que fazia algo como aquilo a deixava apreensiva e nervosa. O braço dele estava pior do que imaginava. Não gostava de ser invasiva, mas nenhuma outra solução na água traria um resultado imediato como aquele.
A água passava junto ao sangue no corpo do homem, ela via que o coração dele estava inquieto como se estivesse sentindo que outro corpo estava conectado. Os corpos estavam conectados e ela sentia quase tudo que ele sentia; a dor que tinha no braço era apenas um incômodo forte para ela, como se alguém estivesse apertando seu braço. Mas aquilo quase nunca acontecia, geralmente eram incômodos como se parecessem cócegas.
O procedimento foi difícil, durou algumas horas e a deixou mais suada do que queria estar. Toda vez que terminava algo como aquilo estava soando e detestava suor. Sentou-se na cadeira, não lembrava qual a última vez tinha sentado e descansado. Toda aquela muvuca lá fora estava trazendo mais feridos do que boas notícias.
- Espero que eles estejam bem - desejava isso a todos mentalmente, mas tinha sido a primeira vez que falava em voz alta.
Encostou os olhos por um tempo rápido.
Abriram mais pesados e mais rápidos ainda. Uma voz tentava falar algo na maca. Sabia o que ele queria e era o mesmo que todos queriam: água. Abriu a torneira e despejou em um pequeno copo descartável que tinha na sua pequena pia. O homem bebeu o primeiro copo furiosamente, assim como o segundo, o terceiro e cessou no quarto.
– Então é você.
– Quem salvou sua vida? Sim – estava feliz que ele tinha acordado bem e retribuiu com um sorriso – E, sim, também sou a famosa doutora elementalista da Ordem antes que pergunte. Como as coisas estão lá fora? Faz tempo que não utilizou meu celular e todos os dias que alguém chega aqui as histórias são piores.
O homem bufou e olhou para o braço. Aquela foi a resposta mais simples e verdadeira que precisava.
– Toda essa guerra civil por causa de um grupo que foi autorizado pelo governo é idiota, senhora. Me perdoe, eu vim de longe e lá as pessoas eram idiotas, mas não brigavam por causas idiotas. – Encostou na parede que estava no lado da maca – E nem morriam por causas idiotas.
– Não queríamos que chegasse nessa situação.
– Isso é claro. Muitos humanos estão morrendo do lado de lá, outros sendo decepados do lado de cá. Mas quando um desumano independente do lado aparece em campo de batalha, minha jovem, é brutal. – Ele fez uma pausa e um novo suspiro – Eu batalho em guerras há alguns anos. Parece que vocês têm um alvo na testa, nas costas e no peito. Quando um morre, é um troféu. Quando morre contra os rebeldes, alguns membros dessa… Ordem…
– Nós não somos animais, senhor - interrompeu
– Lá fora não existe essa. O senso humano se perde assim que você mata o primeiro e, para alguns, a sensibilidade nunca mais volta.
Se ajustou na cadeira. Percebeu naquele momento como sua sala era pequena e nada aconchegante: apenas a maca, alguns baldes de água, a pia e a janela que dava visão para outra ala do hospital. Foi até a janela e apoiou seus ombros. Nem se lembrava mais como era o vento batendo em seus cabelos loiros. Por um momento, pensou que não se lembrava como era seu rosto e então tocou em seu nariz. Continua grande, pensou. Mas sentia que as bochechas tinham diminuído ainda mais. Precisava se olhar mais no espelho se quisesse ao menos parecer gente. Sorriu com a situação besta que estava passando e que tinha um homem olhando atrás dela.
Não tinha nem reparado no homem, de tão automático que tinha se tornado a sua rotina. Era peludo em seu torso e no seu rosto, talvez estivesse tanto tempo lá fora que não conseguia fazer a barba. Tinha um nariz adunco, pele bronzeada e pelos negros. Parecia um touro. Um touro sem um dos membros não é um touro…
– Como isso aconteceu? - Perguntou olhando para o braço dele – Me informaram que foi um tiro. Mas um tiro fazer um estrago desse…
– Ah, não foi um tiro qualquer, elementalista. – O sorriso dele era frágil e nervoso e a deixou apreensiva – Na verdade, o tiro nem acertou em mim. Passou de raspão. Me levantei para conseguir trocar contra essa pessoa, mas assim que levantei meu braço para mirar, a arma caiu no chão e o meu braço de apoio explodiu. Minha sorte é que sou canhoto… Nunca gostei muito de ser canhoto, tudo é feito para destro… Meu braço direito sumiu.
Sabia quem tinha uma munição daquela e, pior ainda, quem gostava de explodir pessoas. Teve vontade de chorar e maior ainda de matar a pessoa. Tentou se manter controlada e levantou-se da cadeira. Havia ignorado a algum tempo que um novo integrante dos rebeldes tinha um poder de fogo que mudava estratégias. Tentava fugir dos pensamentos que era ele, mas agora tinha certeza. Não podia deixar que mais daquilo acontecesse. Foi em direção a porta e quando colocou a mão na maçaneta, a voz atrás dela atrapalhou sua saída.
– Fiquei sabendo que a senhora era gente boa, senhora Happi. Mas já vi gente melhor se perder no meio do caos. A senhora parece que lembrou de algo lá fora. Espero que continue cuidando de pessoas como eu e não se perca.
Hesitou por alguns segundos. Depois, fechou a porta. O hospital continuava aquela correria que estava acostumada, mas dessa vez não ia para o seu quarto que ficava no próprio hospital. Virou cada vez mais corredores, o hospital era imenso e, talvez, um dos maiores do continente. Algumas pessoas olhavam para ela com desdém, outros nem sabia quem era e muitos - mais do que gostava - olhava para ela com admiração, como se fosse a médica das médicas.
O estacionamento era em um acesso subterrâneo. Seu carro, um sedan estava a sua espera. Destrancou com sua chave, procurou as coisas e relembrou o cheiro do seu próprio carro. Quando o cheiro de cigarro que estava impregnado no carro veio ao seu nariz, a sua boca salivou e procurou o cigarro no porta-luvas, debaixo dos bancos e até mesmo no seu bolso. Não tinha nada. Seu vício tinha sido interrompido pelo seu árduo trabalho nesses dias.
Quantos dias estava lá dentro? Não se lembrava. Os dias eram todos iguais e algumas noites nem dormia. Encostou a cabeça no volante e suspirou alto. Um sorriso nervoso de cansaço saiu do seu rosto. Tentou não fechar os olhos e ligou o carro. Sabia onde tinha que ir e se alguma entidade estivesse com ela, iria para o lugar certo, na hora certa e falaria com a pessoa certa.
Dirigiu por horas. Ou foi o que pareceu. O centro estava quase intacto. Mas depois que saiu da região central e entrou na região suburbana da cidade o que viu foram muitas ruas fechadas, algumas pelos homens do governo enquanto outras estavam fechadas pelos rebeldes. Conseguia ouvir barulho de tiros, eram distantes, mas suficientemente altos para que conseguisse escutar. Parou em um farol e viu dois homens cercando um jovem, os dois estavam armados com bastões. Quando puxou o freio de mão, o jovem deu conta dos dois homens. Foi algo tão rápido que ela não tinha entendido nada. Os dois homens tinham sido capturados pelo pescoço e gritavam algo, que ela não conseguia escutar. Forçando mais a vista, conseguiu notar que o jovem não era ninguém que conhecia da Ordem, muito menos um rebelde. Talvez um sobrevivente desumano que não estava disposta a tomar parte dessa idiotice.
Os dois homens caíram duros no chão. Estacionou e saiu correndo no meio dos carros, teve sorte que não morreu e que seus ouvidos não reclamaram de tanta buzina que ouviu. O garoto ficou olhando para ela com estranheza. O garoto trajava roupas de alguma escola, mas não reconheceu o brasão. Verificou a pulsação dos homens e não estavam mortos. Respirou fundo e sentou na calçada.
– Está com eles, imagino – até a voz ainda era de um garoto, mas com uma frieza que a assustava – Não quero machucá-la, só ir para casa e jogar um pouco antes de dormir.
Negou com a cabeça. O garoto era negro e tinha um sotaque de algum país que não conseguia reconhecer no momento, um nariz grande e um cabelo cheio de tranças até o ombro. A primeira coisa que a surpreendeu aquela noite não foi toda aquela violência, mas sim como o jovem tirou um cigarro do bolso, sentou ao seu lado e a estendeu um cigarro. Não sabia porque tinha aceitado, mas quando se deu conta já estava na metade do cigarro.
– Minha mãe também fica com mãos tremendo quando está sem fumar. Imaginei que a senhora também fosse uma viciada – colocou as duas mãos para trás, se apoiou e ficou olhando a lua, como se tivesse um segredo para ser desvendado – Eu não fumo, detesto o cheiro. O que alguém como você faz nesse bairro?
–Tenho um amigo que está morando por aqui. Ao menos, era o que dizia na carta.
– Carta? Seu amigo sabe que ainda existem e-mails? Estamos em 2020, senhora. Não em 1020. Passe esse recado a ele quando o vir
Ela riu. Ele não era muito chegado a tecnologia pelo que se lembrava. Mas tinha mandado aquela carta a quanto tempo? Seis meses, até um ano. Sua noção de tempo realmente estava bagunçada.
Por Deuses, o que estou fazendo? Indo para um lugar que estava escrito em uma maldita carta. Nem em um e-mail, um pin no GPS ou algo parecido. Numa carta. Joff, seu maldito, eu te odeio.
– Senhora?
– Perdão?
– Eu perguntei a senhora onde que fica a casa desse amigo.
Ela repetiu o endereço. Mesmo ela tendo queimado a carta e jurado que nunca o visitaria, o endereço continuava vivo em sua mente junto com o rosto dele.
O garoto apenas sorriu. Ela sorriu de volta. Os dois se levantaram e com um gesto de cabeça e com a mão direita apontou o caminho. Falava e indicava onde era o caminho e, para sua sorte, não faltava muito. Apenas dois quarteirões.
– Agora, tenho que ir. Se eu não chegar em casa com esse cigarro eu vou apanhar mais do que apanharia para aqueles dois ali. – Seu dedão apontou para trás de suas costas – Boa sorte com seu amigo sem tecnologia.
– Obrigado, garoto. Aliás, qual seu nome? Estou cansada de conhecer pessoas, conversar com elas e sequer perguntar o nome.
– Khalil. Meu nome é Khalil – o sorriso branco do garoto apareceu enquanto já se movimentava na direção contrária no que ela ia.
– Prazer, Khalil. Meu nome é Katia Verdeen, Primeira Curandeira da Or... – Estava falando sozinha. Não se importava. Sabia o nome de alguém e isso a deixava muito feliz. Tinha um sorriso no rosto novamente.
Seguiu a rota que o garoto falou. Passou por um mercadinho de esquina e sentiu vontade de comprar um cigarro e uma daquelas batatas fritas nojentas que vinham dentro de um saco. Mas sabia que já estava ficando tarde e olhares estranhos passavam sobre suas costas. Pensou em comprar uma garrafa de água caso precisasse mas perderia mais tempo.
O prédio que tinha chegado era pequeno, talvez tivesse cinco andares ou menos. Não tinha tempo para contar. Entrou no prédio, avisou ao recepcionista que estava visitando seu primo Joff – mesmo eles nem se parecendo primos sequer eram familiares – e o rapaz acreditou e liberou sua subida. A informou que o elevador estava quebrado e tinha que subir de escadas. As escadas eram gastas, não tinham mais corrimão e riu com o fato de quão mal preparada fisicamente estava. Cansou no terceiro andar e quase sentou-se para descansar.
Mais um andar. Falta só mais um.
Chegando ao quarto andar, tocou o interfone da casa de Joff e ninguém respondeu. Foram mais umas sete tentativas. Quando estava dando as costas para a porta, alguém abriu. E lá estava ele atrás da porta.
Seu tronco esguio estava sem camisa, com a velha tatuagem de uma chama no seu peito esquerdo que escondia uma cicatriz e os cabelos pretos como carvão correndo pelo rosto. Assim que a viu, um sorriso modesto saiu de seu rosto e abriu a porta. Como gratidão, ela sorriu em retribuição.
– A carta chegou depois de tanto tempo?
– Os mensageiros do hospital não são muito eficientes.
Ela entrou e, como já tinha intimidade o suficiente com ele, sentou-se no sofá. A sala não era muito grande e junto com o sofá, tinha uma televisão e uma poltrona rasgada. A sala era germinada com a cozinha e haviam mais duas portas que imaginou que fossem o banheiro e o quarto. Esperou por ele pegar um copo d’água como sempre fazia, mas não o fez. Sentou-se na poltrona, ligou a TV e ficou bons minutos em silêncio.
– Vai continuar calado, Joff?
– Você veio me visitar, não ao contrário, Katia.
Ela sorriu. Ele continuava astuto e mal-educado.
– A sua carta veio meio desmembrada. Não gostei muito do recado que se mudou. Foi uma grande mudança, amigo.
– As pessoas mudam. Assim como aconteceu comigo e aconteceu com você, Katia. Você faz parte de um grupo de assassinos e eu faço parte desse cômodo. Ao menos, eu morro de fome e não mato os outros.
Teve vontade de dar um tapa na sua cara. Mas sabia que não podia irrita-lo, se o Joff de alguns anos ainda continuasse ali não era apenas suas balas que eram explosivas.
– Estou assassinando muitas pessoas, até mesmo as pessoas que você está tentando matar. Pelo visto, continuo fazendo meu trabalho melhor que o seu
Agora tinha passado dos limites e sentiu isso no olhar dele. Uma arma já estava na mão dele antes que ela pudesse imaginar e correr para algum lugar. Ficou estática. O homem que tinha conhecido a alguns anos atrás nunca faria algo desse tipo, mas sabia também que o Joff que conhecia não tomava lado em guerras. Preferia deixar os dois lados se matarem para depois falar como aquilo foi apenas um show de explosões e nada mais. Era explosivo, mas era justo e humano. Aquilo na frente dela parecia mais um psicopata.
– Agora aponta armas para amigos, Joff? – Perguntou enquanto fingia que ia levantar os braços e sorria – Abaixe isso e vamos conversar.
Ele não abaixou. Ela estava mais tensa do que imaginava. Não sabia com quem estava lidando e então, lentamente, se levantou agora com os braços para cima de verdade.
– Tudo bem. Estou indo.
– E onde pensa que vai? Contar para metade da Ordem onde estou? Não.... Minha paixão por você já passou e não sou tão idiota como um adolescente com o pauzinho duro na calça. Agora sentará novamente no sofá.
Ela fez o que pediu, sem hesitar.
– Ah, Katia... eu te pedi para não se juntarem com eles. Quando vocês, que já tem poderes que nós não temos, chegam ao poder de duas maneiras diferentes a única coisa que pode acontecer é que a queda de vocês seja alta e levando mais gente. Mais gente da gente do que gente de vocês. – Falou isso o tempo todo enquanto travava a arma novamente, sabia como era um barulho de uma arma sendo travada – E essa guerra lá fora só é um resultado disso. Na TV todos os dias mostram que desumanos morrem. Mas mostram que mais de nós continuamos a morrer.
– Humanos morrem todos os dias. A guerra não melhora.
– Não, mas abre olhos. Guerra é sempre uma semente de uma árvore desconhecida que pode dar frutos desconhecidos. – Ele tinha um sorriso de felicidade, de maldade e de algo que ela não esperava vindo dele – Agora, vamos a você. Eu tenho duas opções: deixo você contar para todos onde estou e uma pessoa que até então era anônima é descoberta e presa ou eu te mato e nada acontece.
A arma foi destravada novamente e a luz foi apagada.
Pensou que estava morta, mas ainda conseguia sentir a respiração pesada de Joff. Foi uma queda de luz. O coração dela estava na boca, mas foi o suficiente para que pensasse em correr. Tentou lembrar onde estava a porta, mas se lembrou que tinha uma arma apontada para ela. Ouviu o barulho da porta fechando atrás dela. Tinha mais alguém no local.
– Solte a mulher – A voz vinha de trás. Já tinha escutado aquela voz, só não lembrava de onde – E terei misericórdia do senhor
– Então aqui temos o justiceiro do bairro, certo? Ceifador o seu nome? Um nome ousado para uma voz de moleque – Uma gargalhada estrondosa foi escutada – Um puto dum justiceiro de merda tu é defendendo essa mulher. Darei para você tempo para correr e contar para sua mãe que entrou na casa errada.
Joff estava ansioso, não com medo e isso a assustava. E então os disparos de tiros começaram. Clarões da arma saiam atrás dela.
Deitou-se no chão para se proteger e procurar alguma coisa. Nos clarões dos tiros, conseguiu ver uma sombra correndo pela pequena sala. Segurava um pequeno bastão que cabia nas suas duas mãos. Quando a sombra saltou o sofá para ir até onde Joff estava, as explosões começaram.
Lembrava-se quando eram jovens ainda e as balas de Joff faziam sucesso. Tinha aprendido com o pai o talento de fazer balas que quase não causavam danos, aliás, não eram para causar danos. Eram apenas para distrair o alvo e depois uma explosão que causava sérios danos. A produção não era tão difícil mas chegar a perfeição era. Katia Verdeen já tinha curado muito as mãos dele por causa daquelas balas.
Os barulhos de socos secos começaram. O primeiro atingiu o peito de alguém, o segundo a barriga do segundo com um chute no rosto. Aquele que tinha entrado depois no cômodo agora estava no chão limpando o sangue do nariz.
Se rastejou até a cozinha e começou a procurar algo que tivesse água. A luz do corredor agora emanava totalmente na casa. Achou uma torneira e conseguiu encher um copo d’água, era o suficiente para ela. Atacou a água na cara do jovem que estava no chão, ele tentou se defender, mas não foi tão rápido.
– Ah, olha quem entrou na briga, minha amiga Katia! Quer dizer que agora vai curar o marginal invasor de casas? – Quando ele disse isso, fez a orbe de água estancar o sangramento no nariz do jovem embaixo do capuz.
Não conseguia ver quem estava embaixo do capuz negro, mas conseguia sentir pela água que ele usava uma máscara que encobria até seu nariz. Tentava tirar com a mão a pequeno orbe de água, mas só sairia se ela quisesse. Depois que viu que o sangramento foi estancado, a água caiu no chão como se alguém tivesse derrubado um copo d’água.
O garoto avançou contra Joff. As barras de ferro paravam em seus braços. Até que ele conseguiu parar os dois braços do garoto ao mesmo tempo e deu uma cabeçada na cabeça do menino. O garoto deu um grito que até ela sentiu sua dor. Depois, veio um chute no peito que jurava que o garoto teria morrido se ele não tivesse se rastejado por alguns segundos.
Joff foi até o garoto. Colocou seu pé sobre a cabeça dele. O garoto colocou a mão direita na perna dele, como se conseguisse parar aquilo. O garoto morreria.
– Você agora será culpada pela morte de mais alguém. Mas dessa vez, eu não receberei a culpa.
Recarregou a arma. Até que tirou a perna de cima da cabeça, mirou e hesitou. Deu duas cambaleadas para trás.
– Isso não é divertido, doutora. Qual é o seu segredo agora? – Olhou para ela, como se não estivesse menos surpresa
O garoto se levantou do chão, cambaleando mas parecia mais energético do que nunca. Levantou os punhos, cuspiu sangue no chão e fez um sorriso brotar da boca dela. As roupas estavam quase todas rasgadas, mas conseguia ver um brasão que viu antes debaixo da jaqueta de pano preta. A surpresa de Joff que a deixava feliz.
O garoto avançou, Joff recuou e o garoto afundou para pegar os bastões no chão. Joff não conseguia responder tão rápido e quando se virou, as duas barras de metal já estavam indo ao encontro de suas duas orelhas. Os bastões atingiram as duas pernas e Joff caiu. O garoto precisou apenas de dois socos para nocautear.
O barulho de sirene foi escutado lá embaixo. Estava feliz de a polícia ter chego primeiro que os rebeldes. Foi até a janela e conferiu que realmente era apenas uma viatura. Quando olhou para trás, o garoto estava cambaleando até a porta. Correu até ele para tentar colocá-lo no chão e cura-lo. Mas ele negou qualquer tipo de ajuda.
– Meu plano de saúde não cobre a sua consulta, doutora – Era divertido e abusado – Ainda tenho que chegar em casa e dar os cigarros para minha velha. Então, não conte a ninguém que estive aqui.
– Você precisa ver esses ferimentos, Kha... garoto... como fez aquilo? Pareceu que ele tinha perdeu um pouco das forças... foi incrível.
– A senhora pode controlar a água e fazer algo como aquilo é incrível? Temos visões diferentes de incrível, senhora. – Ele estava rindo, conseguia sentir isso pela voz – Agora, deixe-me ir. Fique tranquilo sobre meus ferimentos, eles cicatrizam... algum dia, com certeza... nos vemos por aí, doutora.
Saiu do apoio dos seus braços. Foi mancando até as escadas de incêndio que ficava do lado de fora do prédio. Os vizinhos estavam olhando com certo terror para ela, como se fosse a grande culpada. Olhou para trás e os policiais tinham acabado de subir as escadas. Sorriu para os moradores
– A Ordem pede desculpas pelo transtorno, senhores.
Estava sorrindo. Sentia que estava mais do que na hora de recrutar novos jovens e acabar com aquela guerra. Desceu as escadas contra o fluxo do caos para enfrentar outro caos. A guerra acabaria, ela faria isso.
Katia Verdeen estava sorrindo novamente.
Tomate- "Lerei"
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Re: Mundo do (projeto de) livro "Desumanos"
Olá, nesse mini-texto explicarei como funciona algumas particularidades do meu "universo de heróis", mesmo que eu não goste de chama-lo assim. Vamos lá.
O primeiro capítulo se habitua há 90 anos antes do meu primeiro livro, e historicamente se passa na Guerra Civil de Malquian, um dos países principais da trama. A guerra civil começa quando um jovem de 16 anos tem uma voz de prisão decretada ao ser pego em flagrante roubando uma loja de comida com seus poderes pela Ordem mas consegue fugir. A perseguição é levada até a zona periférica da cidade chegando a um hospital. O abuso de poderes e uma péssima contenção de danos faz com que uma ala inteira de um hospital seja destruída, matando mais de 30 pessoas e deixando 126 feridos.
Depois disso, a parceria que a Ordem tem com o governo de trabalhar como uma força separada não é mais a mesma. Até então, a Ordem era como um grupo separado do governo onde tinha o total aval para controle e educação dos desumanos. A Ordem foi criada em 2010, tendo assim seu primeiro décimo ano concluído com sucesso com uma abrupta queda. Pouco resistiram a pressão do governo e Ordem se tornou uma força tarefa federal.
Mas não era o necessário, não à população. Depois de dias de investigação, descobriram que o garoto que roubava a loja era apenas um garoto de 14 anos e que roubava comida para seus irmãos e que nunca tinha ferido ninguém em seus assaltos. Depois dessa notícia, a população pedia punição prisão aos envolvidos - já que apenas o jovem tinha morrido - e a Ordem se separou em dois. Com isso, tivemos os rebeldes que defendiam que punições não deveriam ser cabíveis já que estavam exercendo suas tarefas e o grupo remanescente da Ordem que queria justiça à população, jurando que era a população civil e desumana que serviam.
A Ordem foi liderada pela médica Katia, Médica da Água, uma elementalista (já explico o que são), e Robert, a Primeira Coruja. Em contraponto, tivemos um desumano que defendia a liberdade daqueles que tinham seguido sua ordem: Anthony, o Brutal. A rebeldia durou cerca de seis meses até que em uma batalha, Robert e Anthony tiveram que lutar até a morte. A luta em circunstâncias normais seriam totalmente de Anthony, já que era extremamente resistente mas já tinha derrotado 6 homens da Ordem naquele mesmo dia. Seus poderes de mega-força e seu machado estavam em seu limite e Coruja, mesmo assim, teve dificuldade em ganhar em um combate corpo-a-corpo. Depois da morte de Anthony, houve uma debandada na rebelião.
A rebelião foi muito importante porque a partir dela grupos "de marginais" seriam criados. Os mais importante seriam Mãos Frias e Escuridão é Paz que começariam a ser um dos piores grupos em décadas. Mas essa história será contada mais para frente (tenham certeza e será aqui).
Agora falarei mais um pouco sobre as elementalistas, como prometido acima: os elementalistas são aqueles que controlam os elementos básicos que tem a sua volta. Elementalistas precisam dos elementos próximos - seja quais for - e dificilmente conseguirá controlar mais de 2 elementos. Seria raridade um elementalista ultrapassar dos 3. Poucos na minha história conseguiriam. Rumores dizem que os poderes são os mais próximos dos antigos deuses da antiga ilha (agora inóspita) de Mipi Ulum. Elementalistas são fortes e conseguem combinar seus poderes com algumas características. No caso da sempre sorridente Kat, como puderam perceber, era da cura e também para o ataque. Foi uma das poucas já listadas no mundo inteiro que conseguia mixar um elemento com efeitos curativos.
Espero que tenham gostado desse Introdução. Espero que estejam gostando do meu mundo!
Até!
O primeiro capítulo se habitua há 90 anos antes do meu primeiro livro, e historicamente se passa na Guerra Civil de Malquian, um dos países principais da trama. A guerra civil começa quando um jovem de 16 anos tem uma voz de prisão decretada ao ser pego em flagrante roubando uma loja de comida com seus poderes pela Ordem mas consegue fugir. A perseguição é levada até a zona periférica da cidade chegando a um hospital. O abuso de poderes e uma péssima contenção de danos faz com que uma ala inteira de um hospital seja destruída, matando mais de 30 pessoas e deixando 126 feridos.
Depois disso, a parceria que a Ordem tem com o governo de trabalhar como uma força separada não é mais a mesma. Até então, a Ordem era como um grupo separado do governo onde tinha o total aval para controle e educação dos desumanos. A Ordem foi criada em 2010, tendo assim seu primeiro décimo ano concluído com sucesso com uma abrupta queda. Pouco resistiram a pressão do governo e Ordem se tornou uma força tarefa federal.
Mas não era o necessário, não à população. Depois de dias de investigação, descobriram que o garoto que roubava a loja era apenas um garoto de 14 anos e que roubava comida para seus irmãos e que nunca tinha ferido ninguém em seus assaltos. Depois dessa notícia, a população pedia punição prisão aos envolvidos - já que apenas o jovem tinha morrido - e a Ordem se separou em dois. Com isso, tivemos os rebeldes que defendiam que punições não deveriam ser cabíveis já que estavam exercendo suas tarefas e o grupo remanescente da Ordem que queria justiça à população, jurando que era a população civil e desumana que serviam.
A Ordem foi liderada pela médica Katia, Médica da Água, uma elementalista (já explico o que são), e Robert, a Primeira Coruja. Em contraponto, tivemos um desumano que defendia a liberdade daqueles que tinham seguido sua ordem: Anthony, o Brutal. A rebeldia durou cerca de seis meses até que em uma batalha, Robert e Anthony tiveram que lutar até a morte. A luta em circunstâncias normais seriam totalmente de Anthony, já que era extremamente resistente mas já tinha derrotado 6 homens da Ordem naquele mesmo dia. Seus poderes de mega-força e seu machado estavam em seu limite e Coruja, mesmo assim, teve dificuldade em ganhar em um combate corpo-a-corpo. Depois da morte de Anthony, houve uma debandada na rebelião.
A rebelião foi muito importante porque a partir dela grupos "de marginais" seriam criados. Os mais importante seriam Mãos Frias e Escuridão é Paz que começariam a ser um dos piores grupos em décadas. Mas essa história será contada mais para frente (tenham certeza e será aqui).
Agora falarei mais um pouco sobre as elementalistas, como prometido acima: os elementalistas são aqueles que controlam os elementos básicos que tem a sua volta. Elementalistas precisam dos elementos próximos - seja quais for - e dificilmente conseguirá controlar mais de 2 elementos. Seria raridade um elementalista ultrapassar dos 3. Poucos na minha história conseguiriam. Rumores dizem que os poderes são os mais próximos dos antigos deuses da antiga ilha (agora inóspita) de Mipi Ulum. Elementalistas são fortes e conseguem combinar seus poderes com algumas características. No caso da sempre sorridente Kat, como puderam perceber, era da cura e também para o ataque. Foi uma das poucas já listadas no mundo inteiro que conseguia mixar um elemento com efeitos curativos.
Espero que tenham gostado desse Introdução. Espero que estejam gostando do meu mundo!
Até!
Tomate- "Lerei"
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Re: Mundo do (projeto de) livro "Desumanos"
Sou obrigado a questionar que a "Ordem" tenha esse nome. Parece meio básico. Mas não é um grande problema.
O que quero saber mais é sobre os dois grupos marginais que citou. E sobre o motivo de ter focado sua atenção em elementalistas considerando que super poderes parecem ser comuns nesse mundo, e elementalismo seria mais um deles.
Imagino que vai abordar essas coisas nas próximas estórias?
O que quero saber mais é sobre os dois grupos marginais que citou. E sobre o motivo de ter focado sua atenção em elementalistas considerando que super poderes parecem ser comuns nesse mundo, e elementalismo seria mais um deles.
Imagino que vai abordar essas coisas nas próximas estórias?
Re: Mundo do (projeto de) livro "Desumanos"
Thear escreveu:Sou obrigado a questionar que a "Ordem" tenha esse nome. Parece meio básico. Mas não é um grande problema.
O que quero saber mais é sobre os dois grupos marginais que citou. E sobre o motivo de ter focado sua atenção em elementalistas considerando que super poderes parecem ser comuns nesse mundo, e elementalismo seria mais um deles.
Imagino que vai abordar essas coisas nas próximas estórias?
Elementalistas não são tão comuns no meu mundo, considero poderes que dão estímulos corporais muito mais comuns do que os elementalistas.
Eu citei apenas para ter um background nessa cidade e nas outras histórias que contarei aqui virão com outros poderes e em outros ambientes que não são Malquian.
Tomate- "Lerei"
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Re: Mundo do (projeto de) livro "Desumanos"
Ok, entendi!
Boa sorte no empreendimento, então. É difícil ser original no gênero "super heróis", não porque o gênero esta lotado e não tem onde inovar, mas porque estamos super condicionados com os parâmetros estabelecidos pela Marvel e DC.
Boa sorte no empreendimento, então. É difícil ser original no gênero "super heróis", não porque o gênero esta lotado e não tem onde inovar, mas porque estamos super condicionados com os parâmetros estabelecidos pela Marvel e DC.
Re: Mundo do (projeto de) livro "Desumanos"
Thear escreveu:Ok, entendi!
Boa sorte no empreendimento, então. É difícil ser original no gênero "super heróis", não porque o gênero esta lotado e não tem onde inovar, mas porque estamos super condicionados com os parâmetros estabelecidos pela Marvel e DC.
Eu concordo totalmente. É bem complicado, mas estou usando as duas como inspiração também.
Tomate- "Lerei"
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Timeline
Esse tópico será constantemente editado e vou inserir novas linhas e retirar algumas até que a timeline fique decente para trabalhar.
Linha do tempo
Sendo: AdM, antes de Moseph tido como muitos o primeiro a utilizar as Vantagens e, consequentemente, ddM: depois de Moseph.
EVENTOS GLOBAIS
Ótica Novo Mundo
500 AdM: As grandes sociedades começam a aparecer. No Antigo Mundo, as primeiras capitais se formam e tomam sua forma. Depois de séculos e mais séculos de lutas medievais entre si, o tempo de trégua traz paz.
200 AdM: começam as expedições navegantes. O Novo Mundo, na maior expansão econômica, vai atrás de novos continentes. O Continente do Fogo é descoberto nessa época.
197 AdM: O contato com o Continente do Fogo começa a ficar hostil, duas civilizações tentam explorar recursos dessa região: Meorzia, Gonza, Yortle e Bellesaint. Países no qual saíram na frente em civilização e transformaram o Novo Mundo.
Guerras que duraram décadas acontecem mas nem o Antigo Mundo e nem países X, Y, Z, A e B desistem e uma trégua é considerada. Enquanto o Novo Mundo tem uma tecnologia de ponta, o outro continente possui conhecimento nato de seu território.
As guerras duram até 140 AdM.
DESCOBERTA DE LAC'AN e GUERRA NO JARDIM
140 AdM: O Lac'An (novo país continental) é descoberto. Um continente onde a civilização não é tão evoluída em diversos aspectos como civilização porém utilizam daquilo que chamam de "magia da terra". Basicamente uma conexão diferente com animais, a agricultura e com a forma de se viver.
A magia da terra realmente acontecia ao ponto em que as pessoas iam descobrindo em que a maioria dos adultos e jovens tinham "poderes", aquilo que os nativos chamavam de Kha'Lu (Conexão Ancestral). Pessoas transformavam-se em animais, animais transformavam-se em semi-humanos (mantendo a característica animalesca) e outras diferenças de humanos normais.
Antigo Mundo descobrira que o Continente do Fogo tentara colonizar aquela terra através de guerra há 2 décadas atrás, ou seja, com um poderio potencial para duas frentes de batalha. Mas, mais do que isso, uma nova civilização junto com aquela é descoberta. Um continente também estava a par de Lac'An: Novo Mundo.
Lac'An tinha uma recepção muito a vontade já que entendia que estrangeiros, desde que não tivessem a tentativa de surrupiar suas terras, eram bem-vindos e entregue pelos Deuses do Sol, Noite e Escuridão. O Velho Mundo entendeu naquela região uma fonte incansável de pedras preciosas, madeiras raras e também uma fonte inesgotável de um novo poder: magia Mas, ao contrário das outras guerras, fizeram diferente: tentariam conquistar a nova cultura.
100 AdM: O Antigo Mundo começa uma guerra civil em Lac'An. Porém, ao contrário do que combinado, o Novo Mundo realiza um contra-golpe civil e uma grande guerra começa. Diversas batalhas são espalhadas por todo o continente e todo o Sul de Lac'An. Diversos filhos mestiços entre nativos e exploradores já haviam nascido e ficaram, consequentemente, ao lado de Lac'An mesmo que o Antigo Mundo fosse tratado como aliado.
As forças nativas são levadas a apenas uma área do continente deixando o Norte desguarnecido e é por ali onde o Continente de Fogo começa a entrar. País X e Y são os que constituíram uma aliança para atacar o novo país. Então, em meios aos ataques, Lac'An se vê obrigado a ter uma aliança bem maior que antes: o casamento entre duas nações e 15% do país ao Novo Mundo que tinham armas e poderio militar maior, mesmo com a magia ao favor, não era páreo ao número bem maior de pólvora envolvida no processo.
A guerra durou cerca de 35 anos com diversas batalhas como "Norte de Fogo" onde 60% da população nortenha de Lac'An foi dizimada; "Jardim de Lâminas", batalha que retirava o sítio a maior cidade de Lac'An onde diversos jovens entre 18 e 24 anos que tinham perícia em lâminas ao ponto de comparar às balas.
Linha do tempo
Sendo: AdM, antes de Moseph tido como muitos o primeiro a utilizar as Vantagens e, consequentemente, ddM: depois de Moseph.
EVENTOS GLOBAIS
Ótica Novo Mundo
500 AdM: As grandes sociedades começam a aparecer. No Antigo Mundo, as primeiras capitais se formam e tomam sua forma. Depois de séculos e mais séculos de lutas medievais entre si, o tempo de trégua traz paz.
200 AdM: começam as expedições navegantes. O Novo Mundo, na maior expansão econômica, vai atrás de novos continentes. O Continente do Fogo é descoberto nessa época.
197 AdM: O contato com o Continente do Fogo começa a ficar hostil, duas civilizações tentam explorar recursos dessa região: Meorzia, Gonza, Yortle e Bellesaint. Países no qual saíram na frente em civilização e transformaram o Novo Mundo.
Guerras que duraram décadas acontecem mas nem o Antigo Mundo e nem países X, Y, Z, A e B desistem e uma trégua é considerada. Enquanto o Novo Mundo tem uma tecnologia de ponta, o outro continente possui conhecimento nato de seu território.
As guerras duram até 140 AdM.
DESCOBERTA DE LAC'AN e GUERRA NO JARDIM
140 AdM: O Lac'An (novo país continental) é descoberto. Um continente onde a civilização não é tão evoluída em diversos aspectos como civilização porém utilizam daquilo que chamam de "magia da terra". Basicamente uma conexão diferente com animais, a agricultura e com a forma de se viver.
A magia da terra realmente acontecia ao ponto em que as pessoas iam descobrindo em que a maioria dos adultos e jovens tinham "poderes", aquilo que os nativos chamavam de Kha'Lu (Conexão Ancestral). Pessoas transformavam-se em animais, animais transformavam-se em semi-humanos (mantendo a característica animalesca) e outras diferenças de humanos normais.
Antigo Mundo descobrira que o Continente do Fogo tentara colonizar aquela terra através de guerra há 2 décadas atrás, ou seja, com um poderio potencial para duas frentes de batalha. Mas, mais do que isso, uma nova civilização junto com aquela é descoberta. Um continente também estava a par de Lac'An: Novo Mundo.
Lac'An tinha uma recepção muito a vontade já que entendia que estrangeiros, desde que não tivessem a tentativa de surrupiar suas terras, eram bem-vindos e entregue pelos Deuses do Sol, Noite e Escuridão. O Velho Mundo entendeu naquela região uma fonte incansável de pedras preciosas, madeiras raras e também uma fonte inesgotável de um novo poder: magia Mas, ao contrário das outras guerras, fizeram diferente: tentariam conquistar a nova cultura.
100 AdM: O Antigo Mundo começa uma guerra civil em Lac'An. Porém, ao contrário do que combinado, o Novo Mundo realiza um contra-golpe civil e uma grande guerra começa. Diversas batalhas são espalhadas por todo o continente e todo o Sul de Lac'An. Diversos filhos mestiços entre nativos e exploradores já haviam nascido e ficaram, consequentemente, ao lado de Lac'An mesmo que o Antigo Mundo fosse tratado como aliado.
As forças nativas são levadas a apenas uma área do continente deixando o Norte desguarnecido e é por ali onde o Continente de Fogo começa a entrar. País X e Y são os que constituíram uma aliança para atacar o novo país. Então, em meios aos ataques, Lac'An se vê obrigado a ter uma aliança bem maior que antes: o casamento entre duas nações e 15% do país ao Novo Mundo que tinham armas e poderio militar maior, mesmo com a magia ao favor, não era páreo ao número bem maior de pólvora envolvida no processo.
A guerra durou cerca de 35 anos com diversas batalhas como "Norte de Fogo" onde 60% da população nortenha de Lac'An foi dizimada; "Jardim de Lâminas", batalha que retirava o sítio a maior cidade de Lac'An onde diversos jovens entre 18 e 24 anos que tinham perícia em lâminas ao ponto de comparar às balas.
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