Disney, marketing inocente e a certa impossibilidade de chegar em Avatar.

A Disney poderia alcançar, com certa dificuldade, é verdade, o filme de gigantes azuis que conquistaram o mundo: Avatar. Não, não do garoto careca.

Avatar chegou aos cinemas, dirigido por James Cameron, em 2009. Com a promessa (e que cumpriu) de revolucionar os cinemas com a utilização da filmagem em 3D totalmente imersiva e que, praticamente, o público interagia com elementos do filme. A trama não é lá essas coisas, muitas tramas na época fizeram mais (por mais que a concorrência não fosse tão absurda assim) do que o filme de Cameron.

Mas apenas com esse preceito, Cameron fez o impossível: o boca-boca foi tão surreal, que o filme atingiu a marca de US$ 2,7 bi. Muitas pessoas queriam ter a experiência no cinema, não queriam perder essa sensação de poder sentir a tela em sua frente. O filme atingiu marcas invejáveis, salas de cinema investiram altíssimo para trazer mais realidade para os fãs como salas de cinemas com cadeiras largas e em 4D.

Um ano antes do lançamento do filme do Cameron, outro filme fazia uma “tímida” bilheteria comparado ao colosso: Homem de Ferro, estrelado por Robert Downey Jr. O resto é história e espero que todos conheçam: O Universo Cinematográfico da Marvel se consolidou como uma das maiores franquias mundiais e bilionária. Um sucesso.
Depois de dez anos de puro sucesso, coesão de diversos filmes e uma linha narrativa que é difícil de se fazer, a Marvel chegou em seu ápice e na conclusão desses onze anos: Vingadores – Ultimato.

Finalmente um filme que poderia bater Avatar, primeiro filme a alcançar mais rápido a marca do bilhão. Chegou no bilhão tão rápido que parecia questão de tempo para chegar no segundo bilhão e, quando você piscasse, estaria no terceiro bilhão e a Marvel faria algo que era quase impossível: ultrapassar os titãs azuis.

Mas dois vilões atingiram a Marvel que nem o estalar de Thanos para o Vingadores foi tão cruel: marketing e pirataria.

O primeiro, em si, é um erro direto com a distribuição da Disney. Como pode, duas semanas depois de um dos filmes mais aguardados do ano estrear, ter cenas de divulgações, trailers e teasers de TV com cenas reveladoras? É, basicamente, um tiro no pé. Por mais que a pirataria – que ainda vou falar – esteja em seu ponto alto (e vem evoluindo cada vez mais, a Disney conseguiu ser cúmplice. E ainda teve a campanha abaixo, mas que surgiu tão rápido quanto desapareceu.

E, agora, o responsável indireto e mais forte contra a Disney: pirataria.

É impossível conter a pirataria. Nove dias antes do filme estrar, já tínhamos cenas vazadas. Pessoas já sabiam o final. A internet virou terra de ninguém: fan-arts com o final estavam sendo espalhadas, visual dos personagens estavam em todos os cantos e a opção mais viável era desativar todas as redes sociais possíveis. E, como dito anteriormente, a Marvel pareceu concordar com esse tipo de atitude: cenas com spoilers no meio dos comerciais.

A Marvel pode alcançar Avatar ainda. Uma tarefa mais árdua do que parecia na primeira semana de lançamento quando bateu tantos recordes quanto Usain Bolt nas pistas.

Olha, eu não acho que nenhum dos dois fatores afetou tanto assim. Quem queria ver no cinema veria no cinema mesmo, independente da pirataria disponível. As divulgações lançadas posteriormente na TV não eram reveladoras a ponto de impedir que alguém fosse ver o filme.

É bom lembrar que Avatar teve grandes vantagens em ser o grande começo de uma nova era de cinema 3D, que incluía uma parte significativa do publico assistindo em salas IMAX disponíveis, alem da possibilidade de cobrar um preço no geral ridículo pelos ingressos 3D (que ainda não desceu totalmente desse patamar ridículo ate hoje, alias).

Não acho que seja possível a Marvel um dia ter outra chance de bater Avatar. Endgame provavelmente foi e sempre será o auge do MCU, então se não vencer com esse, não vence mais. Alem disso, não faz mais diferença pra Disney quem vence entre MCU e Avatar, pois é tudo Disney.

No fim, nada disso importa muito, pois a lista realmente importante é a das melhores bilheterias ajustas pra inflação, e nessa lista nem mesmo Avatar chega perto do imbatível "E o Vento Levou".