As Grandes Piramides Deveriam ser Restauradas?

Acho que as pirâmides duram, no mínimo, mais umas 6 centenas de anos e acho pouco ainda. Mas acho que não são reformadas para continuarem com a imponência que tem desde muito tempo atrás, já que se fossem reformadas outros materiais seriam utilizados (ainda existem estudos para saber como as pirâmides foram feitas) e, possivelmente, descaracterizariam as pirâmides e por isso que não existem outras reformas em maravilhas.

Se tem certeza que elas eram cobertas de calcário polido, liso e brilhante. Não existe certeza sobre as pontas douradas (que seriam de ouro, ou cobertas de ouro), o que se sabe é que desde tempos antigos (tempos de Roma), viajantes que viam as piramides comentavam que elas "não tem mais as pontas douradas". O que pode significar que eles tinham fontes melhores pro fato de que elas tinham essas pontas, ou que criou-se o mito desde a construção ate aqueles tempos.

Então, não existe garantia de que elas tinham as pontas. Mas acho que nesse ponto seria justo assumir que sim... em parte porque faria sentido elas terem uma ponta (mesmo que não dourada), pra ser completas piramides, e em parte porque ficaria mais bonito assim '-'. Aí talvez trairíamos a intenção original, mas duvido que o faraó enterrado ali reclamaria do ouro, e com certeza acharia melhor do que ela estar completamente deteriorada.

É de fato uma questão interessante, Thear. Veja bem, monumentos fazem parte de uma cultura local e então tem valor geográfico também. Com um mundo de cultura cada vez mais globalizada e integrada, fica difícil, talvez, que os que compartilham tal cultura (que já não é a mesma que construiu as Pirâmides em primeiro lugar) tenham um desejo próprio de reestruturar ou mesmo re-significar tais construções - como por exemplo refazer elas com metal, ou pintar de verde, alterações em geral.

O maior ponto de interesse em discutir na verdade é a outra parte: A cultura Humana comum, ou valores universais construídos com a tal globalização;

- Podemos nós, que não estamos lá ou vivemos aquele realidade e muito menos temos algo a ver diretamente com aquela cultura em específico, ditarmos o que deve de ser feito com tais monumentos?

É uma questão delicada. Já deixo a minha opinião: Sim. Toda história humana, seja de que grupo étnico e histórico for, pertence aos humanos no geral.
Porém há outros questionamentos;
- Qual é o valor das Pirâmides no estado atual e quais valores seriam com a volta de suas formas originais?

Thear citou pichações nas estruturas, porém, ao meu ver, isso se resolve com fotografia para documenta-las. Pichações, sejam onde forem, tem um valor muito atrelado ao momento de sua criação. A fotografia poderia eternizar as imagens e a catalogação para juntar ao tempo e seu contexto podem ser a saída para tal.

Agora a última questão que me veio foi:
- Recriar monumentos que foram destruídos ou que foram o imaginário de uma época tem qual valor? Do que vale uma nova biblioteca de Bagdá ou Alexandria sem as exatas palavras que nelas habitavam?

- Podemos nós, que não estamos lá ou vivemos aquele realidade e muito menos temos algo a ver diretamente com aquela cultura em específico, ditarmos o que deve de ser feito com tais monumentos?

Não. "Ditar" não, obviamente. Ainda assim vou ter uma opinião a respeito. Se tivesse a autoridade pra ditar essas coisas, no entanto, provavelmente não o faria. É um caso em que um consenso deve crescer naturalmente em toda a humanidade.. mesmo se 100% dos egipcios atuais subitamente apoiassem a ideia, ainda seria errado. Eles moram la, mas a cultura que criou as piramides se foi faz muito tempo. A opinião deles sobre as piramides vale apenas um pouco mais do que a de brasileiros.

Escrevi o parágrafo acima após ler tua pergunta, mas vi em seguida que tu manifestou a mesma opinião que a minha. A história não pertence a quem mora onde ela ocorreu, mas si à humanidade.

- Qual é o valor das Pirâmides no estado atual e quais valores seriam com a volta de suas formas originais?

O valor que quisermos. E acho que responderei a sua ultima questão junto disso.
Tu mencionou que as pichações tem valor atrelado ao momento da sua criação... As piramides também, apesar de que foi um "momento" muito maior. Concordo que fotografias e documentações resolvem o problema.
Mas o valor intencional que as piramides deveriam ter já se foi. Provavelmente questão de poucos séculos após suas construções... ou da pra dizer que se foi quando a antiga fé egípcia desapareceu. O valor que elas passaram a ter desde então é simplesmente qualquer motivo que os povos que existiram desde então tiveram para aprecia-las.

Uma vez que tenhamos confiança de ter desvendado todos os segredos arqueológicos das piramides, elas não terão mais nada do valor original. Serão ruínas irrelevantes, apreciadas apenas porque são velhas. As opiniões de seus construtores sobre elas só importam se a humanidade atual concordar com ela.
Se a humanidade prefere te-las velhas e acabadas por alguma ideia de "memórias da civilização", então esse é o valor que elas tem. Se a humanidade decidir que elas podem tanto ser símbolos históricos quanto lindas maravilhas arquitetônicas com visual idêntico ao que tinham em seus melhores dias... Então o valor passará a ser esse, e elas deverão ser restauradas.

Acabo repetindo o que eu já disse em resposta a sua primeira pergunta, ate. Por mais que eu, pessoalmente, prefira que elas sejam restauradas, fazer isso só passará a ser correto quando a humanidade preferi-las restauradas. Pois o valor da ideia delas restauradas superará o valor da ideia delas como memória histórica.


Quanto a Bibliotecas como a de Bagdá e Alexandria... Realmente, não vale muita coisa. Na verdade, aposto que existem nessas duas cidades hoje mesmo bibliotecas caprichadas (ok, talvez não em Bagdá) que reivindiquem ser sucessoras espirituais das famosas bibliotecas históricas. Mas essas não são históricas, são apenas bibliotecas legais, e talvez só tenham um valor extra por nos fazer lembrar da história, e das más decisões que levaram a ruína de ambas.


E quanto a, por exemplo, o Colosso de Rodes? Eu mencionei no post original, mas não elaborei no porque de ser uma discussão ligeiramente diferente... Quando as pessoas pensam nele, imaginam uma estatua titanica na escala do Cristo Redentor... algo como o Colosso de Bravos em Game of Thrones. Mas na prática provavelmente era muito menor que isso.
Eu acho que deveria ser refeito, mas à maneira titânica que as pessoas imaginam. Simplesmente porque é mais legal, mais bonito. Não existe desrespeito histórico nisso... mesmo que por algum motivo inexplicável os criadores do original não preferissem o novo e maior... a opinião dos mortos não importa.

Interessante pensar a Grande Muralha da China como uma enorme pichação. De fato.

Eu acabo por concordar na maioria dos seus pontos. O que me toca de maneira contrastante é a questão de memória.

Tem muitos documentários e turismos na Itália, por exemplo, que te mostra uma estrutura real, toda quebrada, e logo depois uma recriação em 3D, muitas vezes mal feita. Meu problema não é a recriação ser ruim, é que ela ainda é algo apenas virtual. Você não realmente experiência aquilo, não toca e não está lá.

Minha real luta interna é: E se por um acaso os egípcios de hoje, todos, discordarem na restauração e, por exemplo, uma pessoa de quaisquer nacionalidade que seja construa pirâmides em suas formas originais em seu próprio país?

Tecnicamente é uma expressão de valor que a pessoa tem, mas também infringe um valor dos povos que convivem com o material original.

Oras. Olha essa imagem:

https://img.memecdn.com/burj-khalifa-with-a-rabbit_o_1137204.jpg

As piramides, mesmo se restauradas, não seriam tão impressionantes quanto o Burj Khalifa ou outros arranha-céus enormes. Talvez mais bonitas, mas menos impressionantes. E provavelmente é possível fazer arranha-céus mais bonitos que as piramides e maiores que o Burj Khalifa. Não é como se, em tempos atuais, as piramides de Gize fosse unicamente magnificas. Nem mesmo sãos as maiores piramides do mundo, tem algumas maiores no México.

Se alguém reproduzi-las em seu quintal, teremos só mais uma coisa impressionante no mundo, acrescentando diversidade à lista de coisas impressionantes. E os egípcios terão uma versão arruinada dessa mesma coisa... E talvez seja legal que exista uma versão envelhecida, e uma novinha das piramides. Teria algum valor a mais se a "novinha" estivesse no território que um dia pertenceu ao antigo Reino do Egito.