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Caixa de Poesias - Ignatiy

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Mensagem por Ignatiy Sáb 09 Abr 2016, 20:25

Autoexplicativo, em partes. Por que aqui? Bom, não senti que outras áreas contemplariam o assunto poesias, e também, não pesquisei bem, mas é justo por aqui como uma iniciativa. Claro, a comunidade sinta-se a vontade para comentar, sugerir, discutir (trago poemas que tem cunho social como alicerce) e colaborar! Confesso que pensei nisso por ter receio de perder poemas anotados em folhas avulsas displicentemente largadas pela minha mochila. Hajime!

O Centauro

O ar cotidiano permeia-se de pólvora
Incolor, insípida, mas de odor insuportável;
Saio à rua, a angústia me apavora
Sou o combustível da chama inapagável!

Centauro: meio humano, meio fera;
O Príncipe vem em sua marcha
Anunciando a chegada da nova era
E santificando a tua graça

Óh luta, te clamo
Que me tragas o sonho,
Rompas o fardo ignominio.

Óh poder, me chame;
Te terei zelo,
Contigo, jamais de joelhos!

Liberdade

Marionetes
Parecem tão satisfeitas
Quem as culparia
Por suas desfeitas?
Quem ousaria não simpatizar
Com a falta de culpa?
Mas e se fosse tua
A luta
Contra os fios do titeriteiro?
Serias tu um audaz
Guerreiro? Um forte
Libertador?
Como é triste "ser" marionete
Não tem culpa de não ser...
Você?
O pior cego é o que não quer ver.

Difícil dizer
O que é liberdade
Seguir o próprio caminho
Em busca da felicidade...
Mas eu sei ir sozinho?
Eu sou dono da minha vontade?
Meu túnel é escuro e vazio
Mas só ele conduz pra onde devo ir
E se estou ciente disso é pois
Eu mesmo o construí.

Se tenho os intrumentos
Vontade, discernimento,
Posso tanto quanto sei!
Mas sem luz, pra onde irei?

O Peão

Resignado ante as longas caminhadas,
Segue com os sapatos gastos,
Palha à boca, mãos atadas,
Entregue aos rotineiros atos.

Soubesse ele que seria sacrificado
Que faria? Nada.
Destino pré determinado
Em nome da próxima jogada.

Viva a República!
Contra ela não pode ser algum
No contrato há tantas rubricas!

Viva o Rei!
Para atender teus caprichos
Com honra servirei!

Como diria Billy Joel..."Ando so it goes". Na verdade essas foram algumas das mais recentes
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Mensagem por Tomate Sáb 16 Abr 2016, 13:00

Gostei muito de seus poemas temporais e de liberdade. Parabéns e estarei aqui na vigilância caso poste mais poemas.

Sempre fui fã de poemas, principalmente os épicos e que tem um "coro popular" e "rebelde", e os seus tem algo disso. Continue postando Very Happy
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Mensagem por Tarin Sáb 16 Abr 2016, 22:58

Mais uma caixa no fórum, que bom!

Gostei da iniciativa, acho que o seu modo de escrita se acomoda muito bem nessa forma de texto. Gostei particularmente do "O Centauro". É bem evocativo e tem bastante emoção, e eu gosto de poemas com essa temática de... "clamor a entidades superiores em busca de força interna". Pelo menos foi o que eu absorvi do poema, hehe.


Última edição por Levi Gomes em Sex 10 Jun 2016, 17:13, editado 1 vez(es) (Motivo da edição : ort.)
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Mensagem por Ignatiy Dom 15 maio 2016, 23:51

O Tridente

Eu que incinerei estandartes e brasões
Eu que comandei mil legiões
Digo o que digo por motivos
Que trago apenas comigo...

Lutei por déspotas ignóbeis
E por papas escarnecidos
Subjuguei mil revoltosos
Por mil repreendidos

Poderosa espada eu tinha
Brandava sempre altivo,
Mas fui feito de vilão
De carrasco, de bandido!
Quem dera tivesse percebido!

Tão cego fui, pelo brilho da espada
Não vi reluzir, puro, o sangue
Por vasta terra arrasada!

Não fui eu quem quis: não pude
Ditaram a mim, cego agi!
Mas não me nego penitência, fui tolo
Bom homem assim não se ilude!

Não quero negar, de cristo, a luz
Entrementes não me acuso de cinismo
É falsa a chama a mim exposta
Pelo líder que eu tanto estimo

Não sou como eu me via,
Vejo agora, com pesar
Ou o espelho a mim mentia
Ou eu alienava o meu olhar

Que soem mil trombetas
Façam os tambores rufar
Quero agora rugir,
Bravo e destemido,
Quero agora condenar
O juiz desentendido

Sou a chama que se alastra
O ar que se polui
A barragem que se rompe
E o novo rio que dela flui
Mais forte, sedento e devastador
Eu sou a mola tensionada
E o bumerangue que se volta
Contra aquele que o lançou
O leão que se revolta
E ataca o domador!

Agora pareio
Palavras e espada
Poemas e rodeio
Angústias e intifada
Rebeldes e revolta
Feridas e revolução...

Mais um sonho (que quase) foi-se

Livrai-me dessa mórbida agonia
Mas antes dê-me daquele cigarro
Pra nutri de açúcar minha hipocrisia
E cimentar os meus bonecos de barro

Eu quero por o mundo em fogo
Livrar-me desses devaneios tolos
Verás que o peão terá sua vez
De declarar o fim do jogo

Mas eu não sou imperador
Não sou rei, não sou
Sou camponês, lavrador

O mundo gira, entretanto
Tenho saber e sonho
Espada e canto.

Espero que gostem Very Happy

Sim, Tomate, meus poemas costumam - quase sempre - ter essa entonação como pano de fundo. Na verdade, é mais pano de fundo mesmo. Analisem e me digam o que vocês entendem dos meus poemas, porque eles tem mensagens escondidas, podem conter ironias...por favor façam isso, vai ser interessante haha!
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Mensagem por Tarin Sex 10 Jun 2016, 17:17

Dei uma lida e fiz umas observações sobre o que entendi de cada um dos poemas  Smile

O tridente - O personagem do poema é um guerreiro que lutou por uma causa vazia, causando destruição e morte em nome de um ditador/líder estimado, e decide então se revoltar contra ele.

Eu não entendi o que causou essa mudança na visão do personagem. Foi um remorso pelo mal que estava causando a inocentes? Ou alguma revelação sobre as intenções do líder? Ou se ficou vago propositalmente?

Provavelmente tem algumas alusões a situações políticas atuais, parece evocar uma narrativa que se repete através dos tempos em diversos contextos e personagens.


Mais um sonho (que quase) foi-se - Parece uma reflexão sobre alguma sensação de angústia diante da própria impotência contra forças opressoras. Termina com um voto de luta e autoafirmação.
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Mensagem por Ignatiy Seg 13 Jun 2016, 00:20

Citação:

Boa! Vamos lá. Em "O Tridente", o personagem descobre que o líder era um mentiroso, e que por anos deixou-se enganar cegamente. Basicamente foi um "sair da caverna" conturbado. O grande ponto do poema é a revelação em si; o tom medieval foi só um toque pitoresco. Por meio dele, quis falar de um tema que vem anterior Socrátes à Nietzche e além (como você bem deduziu): é preciso questionar. O desfecho sugere uma abordagem nietzschiana em desfavor da kantiana - seria uma ação, um "superação de si mesmo", o caminho escolhido pela personagem, não uma passividade ou uma não-volatilidade.

"Mais um sonho (que quase) foi-se" fala de alguém que enfrenta o drama de "hipocrisia", como ousei chamar. No caso, ele sabe que precisa mudar, mas os vícios e costumes lhe prendem. Isso causa frustração, até que ele resolve encarar a situação de forma menos enviesada: mesmo que reis desfrutem da vida com mais concupiscência, ele não é (e não acha devido esse status a alguém, por isso quer "por o mundo em fogo") rei. Então vem uma atitude, em repercussão de um auto-esclarescimento.

Desculpem colegas se só passo no fórum vez ou outra pra dar uma olhada nesse tópico exclusivamente. Estou tão sem tempo (dessa vez é intensamente sério) que mal dá tempo de visitar esse. Entretanto daqui a pouco estarei dando pitacos em vários outros (ao menos pretendo) rsrs. Óh, quem quiser analisar os 3 primeiros sinta-se à vontade.
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Mensagem por Ignatiy Dom 15 Jan 2017, 18:15

Super-homem

Se teu sonho está além do horizonte
E não há ponte que lhe alcance
Faça como fez Colombo
E navegue confiante

A onda, todo o oceano é quem produz
Assim também, o universo te faz jus
Não temas as marolas, tu,
Que és tsunami,
Conspire-se em teu próprio nome

Tu que és super-homem
Também sabes voar
Mas então eu me pergunto
Quem iria acreditar?

Acreditar em si mesmo
É a maior loucura
Na qual os primato-descendentes
Ousaram se aventurar

Pobreza

Estenderam bandeira branca
Antes de o sol raiar
Mas se a justiça ainda manca
Piedade há de salvar

Se eu tenho os instrumentos,
Vontade, discernimento
Posso tanto quanto sei,
Mas sem luz, pra onde irei?

Moribundos ao nascer
Morte à alma, maquinação
Sobra-lhes o alento... Da ilusão
Nada mais a perder

E eu que resplandeço no berço do aço
Figuro a herança de sorte e matança
Não piso em falso pois tudo que faço
É tal que no amor tenho confiança

Viva o ser ou não viva ninguém
Mas se o ser sou eu também
Quero ver a todos no trono do rei
Gritando em uníssono:
- “Somos a nova lei!”

E quando os soldados marcharem
Desabando casas de madeira escassa
E do chorume repugnante suas roupas mancharem
Impregnar-se-á a civilização com pujante desgraça
Porque o homem não reconhece seu semelhante
E inda assombra-se com seu terrível semblante

Desfigurado e de olhar cansados
Vê o mundo injusto que lhe concebeu
Sobre terra que como poeira desmancha
Sob céu de clarão e breu

O mundo não é injusto
Pois Gaia morreu
Agora que foi usurpado
O injusto sou eu
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Mensagem por Ignatiy Sex 22 Set 2017, 20:15

Eu (também) nasci há dez mil anos atrás

Eu nasci
Há dez mil anos atrás
E não tem nada nesse mundo
Que eu não saiba demais

Eu vi Merlin fazer feitiçaria
Fui menestrel para cantar minha poesia
E quando a noite me puxava pelo pé
Eu sacudia um novo dia

Eu vi o fogo que crescia sobre Roma
Enquanto Nero espalhava a sua fama
Vi Santo Cristo ir pro inferno outra vez
Pela traição de quem se ama

Eu vi
Eu vi Dirceu enfrentando a solidão
Eu vi Romeu sofrer as dores da paixão
E quando seu amor eterno se tornou
Pus minha flor em seu caixão!

Eu nasci
Há dez mil anos atrás
E não tem nada nesse mundo
Que eu não saiba demais

Eu vi Édipo cegar-se a verdade
Eu fiz Brutus cometer deslealdade
Flagrei Flamei roubando a minha joia
Por invejar a minha idade

Eu vi
Eu vi Silvério pedindo piedade
Eu vi Narciso morrer de vaidade
E quando Ponce escutou a minha história
Quis viver a eternidade!

Eu nasci
Há dez mil anos atrás
E não tem nada nesse mundo
Que eu não saiba demais

Eu vi as bruxas de Salém pegando fogo
Enquanto a igreja imperava sobre o povo
E vi das trevas de um milênio desgarrado
Surgir a luz de novo

Eu vi
Eu vi Galileu pedir perdão por estar  certo
Eu vi Karl Marx divulgar seu manifesto
E quando a neve cheirava a puro sangue
Eu também fiz meu protesto

Eu já fugi de milhares de prisões
Corri o mundo pra cantar minhas canções
Aprendi tantas das línguas quanto há
Só pra tocar seus corações

Eu nasci
Há dez mil anos atrás
E não tem nada nesse mundo
Que eu não saiba demais
Ignatiy
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